segunda-feira, 29 de abril de 2013

Emissões veiculares: houve avanços, mas muito por fazer



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 Por Textofinal de Comunicação Integrada

Emissões é o tema que está na pauta central das discussões porque nosso ar pode ser melhor. Entender o problema de forma mais ampla para fazer com que a eficiência energética traga evoluções para a nossa engenharia. Há necessidade de discussão e análise sistêmica sobre o assunto. Nós avançamos, nos aproximamos dos países de primeiro mundo, melhoramos a qualidade do ar de São Paulo, mas temos ainda muito trabalho pela frente”.

Assim o presidente da AEA - Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Antonio Megale, iniciou o Seminário de Emissões,  com o tema “Nosso Ar Pode Ser Melhor – Uma abordagem crítica das emissões veiculares”, que aconteceu ontem (25), no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP).

Em cerimônia de abertura, o presidente da entidade declarou que o evento da AEA é uma oportunidade de ouvir, inclusive palestrantes internacionais, e debater pontos para que as evoluções sobre as questões de emissões avancem no País.

O palestrante Kurt Engeljehringer, gerente de Desenvolvimento de Negócios da AVL International, deu início às apresentações com a palestra “Visão Internacional dos Programas de Emissões para o Futuro”. Apresentou um panorama das atuais legislações e suas evoluções registradas em mais de 4.000 páginas. Diante disso, Engeljehringer destacou a importância de se buscar a integração das legislações por meio da harmonização.

No Seminário de Emissões,  no Painel I – “Vazio da Legislação Atual”, Rui Abrantes, gerente do setor de homologação de veículos da Cetesb, ministrou a palestra “Aperfeiçoamento do Proconve e Promot”.  A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental registrou aumento de 583 processos de homologação em 2010 para 940 em 2012, o que corresponde a um crescimento de 61% no sistema de controle de emissão e ruído veiculares.

Abrantes ainda demostrou que há uma preocupação considerando o crescente aumento da frota de veículos concomitante à redução da mobilidade e aproveitou para exibir um estudo interessante sobre o uso do ar condicionado, já que o equipamento aumenta a emissão de poluentes.

Em “Integração das estratégias de controle de poluição do ar por veículos”, Gabriel Murgel Branco, sócio diretor da Environmentality, defendeu a necessidade e importância do controle da poluição veicular. “É preciso periodicidade. Temos desgaste de peças, defeitos, quebras, combustível adulterado e até o tuning que causam aumento das emissões de poluentes”, comentou.

Ainda de acordo com Branco, hoje o Proconve perde uma recuperação de 30% a 50% de ganhos por falta de manutenção. Álcool não queimado, aldeídos para motores Diesel e motocicletas e material particulado para motores Otto e GDI também necessitam de avaliação de novos fatores de emissão, na opinião de Branco.

A última apresentação do Painel I, “Redução de Emissões de CO2 nos Transportes: eficiência e biocombustíveis”, de Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica e pesquisador do IPT,  informou que cerca de 90% do consumo energético em transporte está no setor rodoviário, quase 8% no setor aéreo e o restante nos setores aquaviário e ferroviário. No rodoviário, 50% do consumo é para veículos com motorização Otto, quase que exclusivamente dedicados ao transporte individual de passageiro e o restante, a veículos Diesel, no transporte de carga e coletivo de passageiros.

Diante deste panorama, Nigro avaliou o biocombustível como uma grande contribuição. Substituir a gasolina C por etanol hidratado em parcela significativa da frota de autos e derivados e motos flexíveis. Para isso, há a necessidade do aumento da oferta de etanol a preço competitivo; política pública de longo prazo para o setor sucroenergético e substituição parcial de querosene de aviação por bicombustiveis.

O Programa Inovar Auto foi comentado pelo palestrante que apontou sua contribuição em 2020, o equivalente a redução de 13 milhões de toneladas de CO2. “O valor parece pequeno no curto prazo, mas o efeito é crescente à medida que os veículos são substituídos”, afirma o professor.

Painel II – “Ferramentas para manutenção do baixo nível de emissões” foi o tema proposto do Painel II que contou com três palestras. “I/M Conhecimentos e Tecnologias Internacionais”, de Mateus Dal Piccol, gerente de engenharia da Idiada, empresa do setor de homologação localizada na Espanha, mostrou como é feita a definição para a implementação da inspeção veicular, as necessidades da periodicidade para os diferentes tipos de veículos e ainda as variadas tecnologias existentes no programa pelo mundo.

A palestra “Challenges in OBD systems for Ethanol Flex-Fuel calibration projects” foi ministrada por Frank Budde, Team Leader OBD para motores ciclo Otto na FEV GmbH, e “Abrangência do Atual Programa de I/M”, apresentada por Marcos Brandão, diretor de Operações e Desenvolvimento da Controlar SA.

O diretor da Controlar mostrou toda a complexidade no modelo de Inspeção atual, dividido em três pilares – relacionamento com o cliente, qualidade no atendimento, comodidade e flexibilidade.  Brandão ainda informou que  em 2010, 298 internações e 252 mortes foram evitados com a implantação do programa. Já em 2011 esses números subiram para 1.515 e 584 respectivamente, o que representou em uma economia de mais de R$ 160 milhões ao sistema de saúde.

Segundo o palestrante, um dos principais fatores que possibilitam a execução e finalização desse estudo é o fato da inspeção ser feita por única empresa, detentora de todos os dados necessários à análise. “A confiabilidade das informações, bem como a forma homogênea como são organizadas e apresentadas, possibilita a realização de um estudo aprofundado que, além de demonstrar os benefícios para a saúde, possibilita saber qual foi o ganho ambiental. Em 2011, por exemplo, esse ganho representou a retirada de circulação de mais de 1,4 milhão de veículos, a redução de 49% na emissão de monóxido de carbono e de 39% de HC”, afirma.

Painel III – O último painel apresentado durante o Seminário da AEA, “Alternativas para a redução de emissões e seu impacto na saúde pública”,  teve início com a apresentação do conceituado professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Departamento de Patologia – Disciplina Patologia Pulmonar, Paulo Saldiva.

Saldiva apresentou um cenário amplo sobre a situação atual da saúde mundial em decorrência da poluição do ar.  “Hoje registramos a pior poluição de ozônio em São Paulo nos últimos dez anos. Resolver o problema requer competência e interesses econômicos”, diz o professor.

Ainda se acordo com Saldiva, 10% dos infartos registrados são decorrentes das poluição do ar e dois cigarros é o que cidadão que vive num grande centro urbano como São Paulo inala a cada 24 horas. “Podemos praticar o bem reduzindo a poluição. Não somos a pior do mundo, mas estamos longe de chegar ao nível de cidades europeias”, finalizou.

O diretor de Marketing da Cummins Brasil, Luis Chain Faraj, em sua palestra “Renovação de Frota”, apresentou um trabalho que vem desenvolvendo com a entidade, cuja missão é propor estratégias e soluções técnicas para modernizar a frota de veículos que circulam atualmente. A visão é reduzir a emissão de poluentes para melhorar a qualidade do ar e dos ruídos assim como melhorar as condições de segurança dos veículos em uso para reduzir número de acidentes e congestionamentos de tráfego.

O contexto do trabalho é procurar soluções adequadas dentro de sete itens como segurança, emissão de poluentes, redução do custo operacional, emissão de ruído, conforto, produtividade e trânsito.  “Agora é partir para a execução e fazer um trabalho digno para a sociedade”, comentou.

A apresentação “Auto Oil”, por Carlos Vinicius Massa, coordenador do Programa Tecnológico de Inovação em Combustíveis e Lubrificantes da Petrobras encerrou as atividades do Painel III. Também fazem parte do grupo de estudos a ANP e USP. Massa mostrou como está o programa Auto Oil nos Estados Unidos, Europa e Japão. Coordenado pela AEA, o Auto Oil no Brasil está em fase de estruturação: implantação dos sistemas de levantamento de dados reais da qualidade do ar nas grandes cidades e das condições de emissões da frota circulante. O banco de dados vai servir para o desenvolvimento de modelos matemáticos que permitirão simulações de diversos cenários para buscar a eficiência energética dos veículos automotores.

O evento da entidade contou com a participação de mais de 300 especialistas e representantes de órgãos governamentais, fabricantes de veículos automotores, autopeças, produtores de aditivos, fornecedores de equipamentos do setor automotivo, fabricantes de ciclomotores, empresas produtoras de combustíveis e distribuidoras, acadêmicos e estudantes universitários.

A conclusão do Seminário de Emissões da AEA foi realizada por Vicente Pimenta, um dos organizadores do evento e presidente do Conselho Diretor da entidade. Mais informações: www.aea.org.br

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