segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Trânsito brasileiro mata mais que guerra na Síria


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Por Milton Corrêa da Costa


Num período de quase quatro anos os conflitos na Síria resultaram, até aqui, na morte de 202.354 pessoas. A epidemia permanente, na barbárie do trânsito brasileiro, pela imprudência em rodovias e vias urbanaS, produziu, nos últimos cinco anos, uma média de 45 mil vítimas fatais/ ano. Ou seja: mais óbitos do que na guerra da Síria.

Segundo a ABRAMET, no ano de 2012, a violência no trânsito ceifou a vida de 44 mil pessoas no Brasil, o que representa, em média, 122 óbitos/dia. O Denatran, por sua vez, revela que chegou a 46 mil o número total de óbitos naquele mesmo ano. Conforme a ABRAMET seis de cada dez leitos nas UTIs dos hospitais brasileiros são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. Foram gastos, no ano de 2012, o montante de R4 216 milhões com a internação das vítimas.

Por sua vez, segundo dados do DPVAT, cresceu 25%, em 2013, o número de indenizações pagas em acidentes de trajeto, em relação ao ano anterior. As indenizações totalizaram R$ 3,2 bilhões, num universo de 633.845, sendo 70% por casos de invalidez, onde 71% das ocorrências envolveram acidentes com motos. Ou seja, a guerra do trânsito brasileiro vem produzindo progressivamente uma legião de inválidos, numa faixa etária de maior incidência entre 18 e 34 anos.

Na cidade do Rio de Janeiro, em 2012, ocorreram 15 mortes no trânsito para cada grupo de 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde. É a mais alta entre 23 metrópoles internacionais Em Londres e N. York ocorrem de 2 a 3 óbitos por igual grupo de habitantes. A velocidade máxima de deslocamento, na cidade de N. York, passou recentemente para 40km/k. A finalidade é chegar a zero/mortes no trânsito, no ano de 2024.

Para estudiosos em segurança de trânsito as chances de um pedestre morrer, vítima de acidente, em razão da velocidade e da força do impacto assim se resume: 40 km/h a chance de óbito é de 25%; a 60 km/h, 55%; a 80 km/h a chance aumenta para 85%.

Ressalte-se que na cidade do Rio de Janeiro foram registradas, em 2013, 1.554.538 infrações por excesso de velocidade. Comemore-se, todavia, com o advento da Operação Lei Seca, a redução de 44% do número de mortes no trânsito no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2013, onde foram registrados 1.692 óbitos, contra 3.047 do ano anterior.

Conclusão: boa parte de motoristas brasileiros, no entendimento de que 90% dos acidentes têm por causa a falha humana, continuam tendo o perfil de imprudência, deseducação, estresse e desafio ao perigo. Há uma compulsão incontrolável para transgredir normas de trânsito. Lamentavelmente continuamos sendo o campeão mundial da barbárie e da insensatez ao volante.


Milton Corrêa da Costa é tenente coronel reformado da PM do Rio de Janeiro e articulista da ABETRAN (Associação Brasileira de Educação de Trânsito)
 

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