segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Muito obrigado, Mille!
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Por FiatPress
A produção do Mille, ícone da Fiat que foi o primeiro carro mundial da marca e superou 9 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, foi interrompida em dezembro, depois de quase três décadas de sucesso. Nada melhor, então, do que dizer muito obrigado. Como se trata de uma obra-prima do design italiano, o melhor é dizer obrigado como se faz na península: Grazie Mille!
Mas é bom esclarecer que não se trata de dizer adeus. Com mais de 3,7 milhões de unidades produzidas no Brasil, o Mille vai continuar a rodar por aí por muito tempo, fazendo parte da paisagem urbana e rural de todos os cantos do país.
O modelo, lançado no Brasil em 1984, conquistou o coração dos consumidores e legiões de fãs devido ao seu design externo compacto combinado com generoso espaço interno, ótima visibilidade, soluções inteligentes como o estepe instalado no vão do motor e o limpador de para-brisa com braço único. Inaugurou no Brasil o segmento dos carros modernos com motorização igual ou menor que 1000cc.
Para marcar este momento na carreira do ídolo, a Fiat lançou no final de dezembro a última edição do Mille – a Série Especial Grazie Mille, com tiragem limitada a 2 mil carros que foram numerados.
Uma história de sucesso
O Mille é uma versão do modelo Uno, que foi concebido para ser o primeiro carro mundial da Fiat. O palco escolhido para sua apresentação à imprensa em 20 de janeiro de 1983 foi o Cabo Canaveral, atualmente Cabo Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. O projeto do carro inovador começou no final dos anos 1970, com dois estudos: o 143, desenhado pela equipe de Pier Giorgio Tronville, do Centro Stile Fiat, e o 144, desenhado pela Italdesign de Giorgietto Giugiaro. O projeto 144 seria direcionado para a Lancia, marca de luxo do Grupo Fiat, mas acabou aprovado pela Fiat em dezembro de 1979. Em 1982 começava na Itália a produção em série, após quatro milhões de quilômetros rodados com protótipos.
O Uno foi lançado com conteúdos inovadores, como as maçanetas embutidas na versão três portas e o limpador de para-brisa com um único braço, mas de ampla área de varredura. Os bancos ficavam em uma posição elevada, o que aumentava a impressão de espaço. Este inclusive é até hoje um de seus pontos fortes. O interior era moderno e funcional.
Um ponto de destaque eram os satélites do painel, conjuntos de comandos próximos ao volante, e o cinzeiro corrediço e removível. Os instrumentos incluíam um sistema de verificação que apontava defeitos ou irregularidades em diversas funções. Na Europa eram oferecidos motores de 903, 1116 e 1301 cc, com potência de 45, 55 e 70cv, respectivamente. Era um veículo com um conceito simples e moderno, com motor transversal, tração dianteira e suspensão McPherson com mola helicoidal à frente. Na traseira era
usado feixe de molas transversal, com rodas independentes. Foi eleito Carro do Ano na Europa no mesmo ano.
O Uno foi lançado no Brasil em agosto de 1984. Veio para substituir o 147, então com oito anos de mercado. Mantinha as linhas do modelo italiano, mas com uma importante diferença: o capô envolvia parte dos para-lamas, o que permitia a acomodação do estepe no compartimento do motor, da mesma forma que no 147, de maneira a ampliar o porta-malas e evitar o incômodo de ter de descarregá-lo para o acesso ao pneu de reserva.
O Uno representava uma enorme evolução em relação ao 147, a começar pela redução do coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,50 para apenas 0,36, passando pelo conforto de rodagem, segurança ativa e passiva, visibilidade e posição de dirigir. Outras alterações em relação ao modelo italiano de ordem mecânica, previam melhor adaptação do carro às condições nacionais de rodagem, além do compartilhamento de componentes com o 147.
Deste vinham os motores de 1048 cc a gasolina (52 cv, 7,8 mkgf), para a versão S, e de 1297 cc a gasolina (58,2 cv, 10 mkgf) e a álcool (59,7 cv, 10 mkgf), para a versao CS. Estes motores tinham na economia de combustível seu ponto forte.
A fábrica também recebeu melhoramentos tecnológicos com o lançamento do Uno. Eram necessárias 470 operações de prensa para construir a carroceria do 147. No Uno o número de operações reduziu-se para 270, uma otimização expressiva que significava também menos soldas e, em consequência, maior resistência do conjunto.
Em outubro de 1985 chegava a versão esportivo SX, identificada externamente pelo para-choque dianteiro com spoiler incorporado e faróis de longo alcance, calotas integrais e molduras em preto fosco
nos para-lamas. Por dentro trazia um painel completo, incluindo conta-giros e manômetro de óleo, e volante de quatro raios em vez de dois.
Em 1987 foi lançado o esportivo 1.5R, sucessor do SX. Era identificado pelas faixas laterais, rodas com calotas que lembravam discos de telefone, spoiler e o detalhe único da tampa traseira em preto fosco, qualquer que fosse a cor da carroceria. Por dentro, os cintos de segurança e uma faixa central dos bancos esportivos eram vermelhos. O motor era o mesmo 1500 a álcool do Prêmio, porém com comando de válvulas para um desempenho esportivo, taxa de compressão mais alta e carburador de corpo duplo, que elevavam a potência de 71,4cv para 86cv, com torque de 12,9mkgf. Com freios dianteiros a disco ventilado e pneus esportivos, a dirigibilidade do 1.5R, principalmente em estradas sinuosas, era um prazer, pois, além do ganho na potência, o carro era dotado de notável estabilidade.
O modelo 1988 do CSL ganhava melhorias no motor 1500 que o aproximavam ao do 1.5R, passando a 82cv e 12,8mkgf. A linha Uno 1989 chegava com novos acabamentos e melhoria de conforto como principais novidades. As versões mais luxuosas ganhavam um painel mais tradicional e refinado. O Uno 1.5R ganhava novo grafismo nas laterais, amortecedores pressurizados e rodas de alumínio. A suspensão teve a geometria revista, para menor desgaste dos pneus. Os retrovisores ficaram mais amplos e os bancos dianteiros ganhavam rebatimento mais leve e prático na versão três portas.
Foi, porém, em agosto de 1990 que a Fiat lançaria um produto que revolucionaria o mercado de automóveis: o Uno Mille. Este modelo inaugurou um segmento que hoje representa cerca de 40% do
mercado. Esta versão de 994,4 cc do conhecido motor foi lançada apenas 60 dias após a redução tributária efetuada pelo Governo Federal. Modelos de 800 a 1000 cc passavam a ter alíquota de 20% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), metade do praticado até então. O motor de 48cv e torque de 7,8mkgf tinha como pontos fortes a rapidez com que subia de giros e a suavidade de funcionamento, o que proporcionava a este veículo agilidade.
O Uno Mille podia acelerar de 0 até 100 km/h em 21s e atingir 135km/h. A concorrência só daria as primeiras respostas ao Mille um ano e meio depois. Com a chegada do Uno Mille, neste mesmo período, as versões com motorização e acabamento superiores receberam algumas mudanças estéticas: um novo frontal com faróis com nova grade de perfil baixo e o para-choque. As versões CS e 1.6R passavam a oferecer bagageiro no teto sendo que, neste último, teto solar com deslocamento externo e comando manual. No ano seguinte surgiu a série limitada Mille Brio, com carburador de corpo duplo e 54 cv de potência.
Em novembro de 1992, a Fiat lançou o Mille Electronic. Este modelo contava com ignição digital , que permitia alta taxa de compressão, e carburador de corpo duplo. Este modelo superava facilmente os
adversários em potência (56,1cv), torque (8,2mkgf), velocidade máxima e aceleração. Era o 1.0 mais rápido.
O Uno Mille foi também o primeiro 1.0 a oferecer uma versão com cinco portas e ar-condicionado que era dotado de mecanismo automático que cortava a energia destinada ao compressor durante acelerações a fundo para facilitar retomadas e ultrapassagens. Ficou conhecido como Mille ELX, e trazia ainda um frontal novo, volante de quatro raios, novo quadro de instrumentos, pneus 165/70, ar-condicionado, vidros e travas elétricas. Esta versão também era oferecida em três ou cinco portas. Era uma versão popular de luxo.
Ainda em 1994 a Fiat inovaria novamente com o lançamento do primeiro turbocompressor original de fábrica do Brasil: o Uno Turbo i.e. Esta versão era equipada com motor de 1372 cc produzido na Itália, utilizava resfriador de ar (intercooler), radiador de óleo e atingia potência de 118cv e torque máximo de 17,5mkgf, valores similares aos de um motor 2.0 de aspiração natural. A velocidade máxima era de 195 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em apenas 9,2 s. Os primeiros proprietários tiveram direito a um curso de pilotagem, iniciativa inovadora no mercado.
O modelo contava também com rodas de 14” e pneus 185/60, para-choques e minissaias esportivos, bancos envolventes, volante de três raios exclusivo e quadro de instrumentos completo, incluindo manômetros de óleo e de turbo e termômetro de óleo, o que realçava a esportividade do interior.
Em julho de 1995 a Fiat introduziu a injeção eletrônica no Mille. Desta forma a versão ELX passaria a ser denominado EP e o Eletronic passava a i.e. A potência chegava a 58cv, a maior do segmento. No fim daquele ano, a Fiat revelava imagens do Palio que chegaria em abril de 1996 com a
missão de aposentar o Uno. A estimativa era que as versões 1.5 e 1.6 sairiam de linha ficando apenas o Mille como opção mais acessível, por pouco tempo.
O mercado, no entanto, mantinha o desejo pelo Mille e em 1997 a linha era concentrada na versão SX, de acabamento intermediário entre as anteriores, que incluiu a série limitada Young, com painel de fundo claro e adesivos decorativos. Em 1998 a versão SX torna-se EX e em março de 2000 esta cedia lugar à versão Smart que trazia nova grade e volante de quatro raios. Em julho daquele ano o Uno recebia o motor Fire de 55cv.
No inicio de 2004, o Uno sofreu sua mais significativa reestilização. A parte frontal foi totalmente remodelada com novos faróis, nova grade, novos para-choques (o traseiro com placa incorporada), novo capô, nova tampa traseira e novas lanternas. Em 2005 chegava ao mercado o Uno Mille com tecnologia Flex e frontal com novas grades.
Em 2006, a Fiat disponibiliza no mercado o kit Way, composto de amortecedores de curso mais longo, 4 centímetros a mais de altura livre em relação ao solo, molduras de para-lamas exclusivas, soleiras e caixas de roda pintadas em preto fosco.
Em agosto de 2008, a Fiat lançou uma versão ainda mais econômica do Fiat Uno, denominada Mille Economy, com a mesma potência da versão anterior, porém com novas regulagens de motor, suspensão e novos pneus com baixa resistência ao rolamento, que o tornaram cerca de 10% mais econômico.
Em maio de 2010, a Fiat lançou o Novo Uno, equipado com os motores Fire 1.0 Evo e o Fire 1.4 Evo, ambos flexfuel, que incorporam modernas tecnologias para garantir economia de combustível e baixo nível de emissões. O premiado desenho do novo modelo nasceu de intenso diálogo entre os designers do Centro Estilo Fiat para América Latina e Centro Estilo Fiat da Itália e os consumidores. O primeiro passo era identificar como o Fiat Uno era visto pelo mercado. Resposta: um ícone, um parâmetro de longevidade, um carro robusto, confiável e econômico – tanto na hora da compra quanto da manutenção e do consumo de combustível. Uma história de sucesso de formas quadradas, bem distante das linhas afiladas e arredondadas da maior parte dos modelos no mercado atualmente.
Dentro desse universo, foram propostos vários conceitos. O vencedor foi o conceito “Round Square”, ou quadrado arredondado, que norteou todo o desenvolvimento do novo carro. E o que, exatamente, é um quadrado arredondado? Partindo do ícone Uno e suas formas quadradas, os designers cunharam o novo quadrado – pop e moderno. Ou seja, a releitura do quadrado. Uma evolução. O novo Uno, que conquistou seu espaço no mercado e conviveu, de 2010 até agora, com o Mille.
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