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A ANFAVEA recebe com preocupação a
chegada de um navio com mais de 5,5 mil automóveis, num momento em que
já há mais de 40 mil unidades importadas em estoque em nosso país.
Há cerca de um ano alertamos o
governo federal sobre a necessidade de recompor imediatamente a alíquota
de 35% de Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e
elétricos, na tentativa de evitar um desequilíbrio no comércio exterior
que possa afetar ainda mais a
produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva
brasileira.
Desde julho de 2024, o II é de 18% para
elétricos, 20% para híbridos plug in e 25% para híbridos. Nenhum país do
mundo, com indústria automotiva instalada, tem uma barreira tão baixa
para as importações, o que torna o nosso importante mercado um
alvo fácil, especialmente para modelos que estão sendo barrados por
grandes alíquotas na América do Norte e na Europa. Elas são de 100% nos
EUA e Canadá, e podem chegar a 48% na Europa.
Essa alíquota vem se mostrando
insuficiente para evitar uma importação sem precedentes no Brasil. No
ano passado, mais de 120 mil veículos, com origem chinesa, por exemplo,
foram vendidos em nosso país, um volume três vezes maior do que em 2023,
isso sem considerar os cerca de 55 mil veículos que viraram o ano em
estoque.
A indústria automotiva brasileira vem num ritmo de recuperação, após uma década de crises econômicas, somadas aos efeitos da pandemia. No ano passado, foram anunciados mais de R$ 180 bilhões em investimentos dos fabricantes de veículos e autopeças, boa parte para o desenvolvimento de modelos eletrificados. E nosso setor ainda terá, por conta do Programa MOVER - Mobilidade Verde e Inovação - de investir R$ 60 bilhões em P&D (Produto e Desenvolvimento).
Sem um equilíbrio saudável na balança
comercial, essa indústria que gera mais de 1,3 milhão de empregos
diretos e indiretos estará sob forte ameaça.
Apoiamos, sim, a chegada de novas marcas
ao Brasil, para produzir, fomentar o setor de autopeças, gerar empregos e
trazer novas tecnologias. O que vemos, entretanto, são anúncios
sucessivos de adiamento dos prazos de início de produção no
país.
A ANFAVEA ratifica novamente ao governo
federal o apelo para que seja apreciada, pelos órgãos competentes, a
recomposição imediata dos 35% de II. Importante, ainda, que a
continuidade da política automotiva se concretize, por meio da
publicação
dos decretos do Programa MOVER, de forma a conferir maior
previsibilidade aos investimentos de nossas empresas associadas.
Compras de máquinas sem etapas fabris no Brasil
Nos
causa grande preocupação também o aumento da participação das máquinas
autopropulsadas importadas nas compras públicas, com destaque para
empresas “instaladas no Brasil”
que não contam nem com 20 funcionários. O crescimento acentuado das
importações de máquinas transformou o tradicional superávit em déficit
na balança comercial pelo segundo ano seguido, dobrando o valor do
déficit em 2024.
Esperamos que o poder público se
sensibilize para essa questão que prejudica o nível de emprego no
Brasil, a competitividade das nossas empresas, a inovação e até o
atendimento dos clientes, que após essas licitações sofrem com a falta
de uma
rede confiável para assistência técnica.
Atenciosamente,
Equipe de Comunicação ANFAVEA
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