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A reta está livre à minha frente,
ótimo. Pressiono o acelerador com o pé direito com vontade, e o motor V8 aspira
todo o ar que lhe convém e o espreme com o combustível. O resultado disso se
traduz em pura mágica: ruído selvagem, pneus abrindo rastros no asfalto, órgãos
humanos comprimidos contra o banco, ponteiro do velocímetro em êxtase e a
próxima curva com uma foice na mão. São 466 cavalos montados por bestas do
apocalipse, e 56,7 kgfm de torque domados por uma transmissão afiada como um
tridente.
Os seis pistões mordem o disco
dianteiro e geram calor suficiente para grelhar uma picanha, mas o cheiro que
invade as narinas é uma mistura de fumaça, borracha e óleo, uma combinação
quase erótica para os apaixonados por velocidade.
Giro o volante para a esquerda e a
força G se encarrega de revirar meu almoço no estômago. Benditas sejam as abas
laterais nos assentos, e benditos sejam os pneus, que aceitam ser mutilados até
o escalpo para destruir aquele velho argumento de que carro americano não faz
curva. Não fazia. Hoje eu acredito que um Golf GTI bem domado poderia entrar
mais equilibrado nessa curva do que eu e esse Mustang, mas a reta seguinte
colocaria cada um em seu devido lugar.
Após a sequência de voltas eu
retorno ao pit mais cansado que o Mustang. Enquanto ele clama apenas por mais
combustível, a garrafa de água não supre nem metade das minhas necessidades. E
assim olho para o carro, ele é lindo, vermelho e sedutor como uma Succubus,
ansioso por ser jogado novamente em uma pista aonde poderá voltar a se
alimentar da alma de quem o dirige.
Esse carro não te deixa doce, ele
te deixa ardido. O Camaro vendido no Brasil não dá conta nem para as saídas de
semáforo, e vai ser deixado em segundo plano no estacionamento do shopping ou
na porta da balada. É questão de tempo até o Mustang ser a bola da vez dos
clipes de funk, jogadores de futebol pouco conhecidos e artistas de qualidade
duvidosa. Uma pena, pois o lugar dele é nas pistas, desenhando o asfalto com
seus pneus, devorando litros de oxigênio com seus oito cilindros e estourando
tímpanos com seu ronco violento.
Obrigado Ford, antes tarde do que
nunca. Vida longa ao Mustang GT.
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