sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Paradigma da Qualidade em Autopeças


Por Roberto Monteiro

Muitos consumidores e profissionais do setor generalizam seu conceito de qualidade sobre as autopeças considerando apenas sua origem. Estes cometem duplo engano. Nem sempre a origem da peça, seja ela original, genuína ou similar, é garantia de qualidade, podendo ser, no máximo, um indicador. Assim como algumas originais e genuínas podem apresentar defeitos, muitas similares/ alternativas são tão boas quanto as originais. O segundo engano é considerarmos a qualidade do componente de reposição sem ponderarmos sobre o modo e por quem o reparo será executado. A qualidade e o funcionamento adequado das autopeças, sejam elas originais, produzidas pelos mesmos fornecedores das montadoras, ou similares, fabricadas por empresas independentes, dependem de vários fatores, como, por exemplo, formação técnica do reparador.

Os parâmetros usados na reparação, as ferramentas e o conhecimento técnico do profissional são determinantes, no mesmo grau da qualidade das peças. Essa avaliação é especialmente pertinente e necessária quando falamos do mercado de autopeças independentes.

Segundo o estudo ‘A diferença de um bom reparo’, publicado pelo CESVI Brasil -Centro de Experimentação e Segurança Viária, os processos e equipamentos utilizados nos reparos de automóveis podem fazer muita diferença tanto no resultado final quanto nos custos de reparação. Um reparo inadequado pode tomar mais tempo do reparador e resultar num processo mais caro, se levarmos em conta, por exemplo, o valor do carro reserva, muitas vezes utilizado pelo proprietário do veículo em questão. Além disso, em casos de reparo necessários em conseqüência de colisão, pode tornar a estrutura do automóvel mais frágil, incapaz de absorver um novo impacto de maneira suficiente, interferindo diretamente na segurança.

O fato é que a qualidade das autopeças, diferente dos argumentos habitualmente utilizados para definí-las, está também ligada ao modo como serão aplicadas assim como à credibilidade e experiência das empresas que as produzem. É certo que muitos fabricantes independentes têm suas marcas reconhecidas no mercado em que atuam e suas peças possuem qualidade compatível com as genuínas.

Atualmente muitas indústrias independentes procuram ofertar produtos de alto valor agregado, não só para conseguir concorrer com organizações multinacionais, mas também para garantir ao consumidor opções qualificadas, com um preço justo. Aliás, alcança o preço justo aquele produto que, além de oferecer os benefícios atrelados à sua utilização, competem em um mercado onde há concorrência, dando a chance de escolha ao consumidor.

Muitas independentes enquadram seus produtos nessas características, por isso atraem clientes e investimentos que movimentam a economia do país, tanto pela emancipação de vagas no mercado de trabalho, quanto pelas vantagens competitivas que as peças oferecem aos consumidores no momento da compra e durante toda a vida útil dos veículos.

Apesar de a comercialização de peças similares sempre ter provocado grandes debates, a crescente demanda no volume do faturamento do mercado independente de autopeças, que gira aproximadamente R$ 51 bilhões por ano, demonstra a aceitação dos consumidores e com isso a qualidade das peças oferecidas. Quando se trata de preço e qualidade é indiscutível afirmar que muitos produtores de peças independentes conseguem compatibilizar essas duas vertentes, e a prova disso é a grande procura, que cresce cada dia mais, por produtos pertencentes a esse setor.
O resultado de outro comparativo, o ‘Certificação de peças’, também realizado pelo CESVI e que confronta durabilidade, aplicabilidade e situação na compra de peças para reposição, indica total falta de conhecimento e referência por parte dos consumidores sobre as autopeças, originais ou não, existentes no mercado. O estudo destaca que a única maneira de avaliar as diversas peças seria a criação de um certificado.

As empresas que pertencem ao mercado independente são a favor da criação desse certificado. Representadas pela ANFAPE - Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças, elas discordam de condutas praticadas por Fiat, Ford e Volkswagen e trabalham com afinco para reverter a ação dessas grandes montadoras, que se voltaram contra esses fabricantes e tentam impedir a fabricação e comercialização de componentes em locais que não sejam concessionárias e agentes autorizados, tornando-se assim monopolistas.

A posição sustentada por essas multinacionais impede que os consumidores tenham a possibilidade de escolher qual peça de reposição querem adquirir, eliminando a concorrência necessária para manutenção do equilíbrio do mercado. Além de prover preço e qualidade em reposição de peças para veículos mais novos, o mercado independente possui uma extensa rede de postos de venda que viabilizam a manutenção de grande parte da frota nacional, inclusive de automóveis com mais de 20 anos, para os quais, na maioria dos casos, não são encontradas opções de peças originais ou genuínas na rede de concessionárias. A decisão de compra de autopeças precisa apenas de referências seguras e, claro, de um reparador de confiança.

* Roberto Monteiro é superintendente geral da ANFAPE – Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, opine.