Por Letícia Moreli (Revista Isto É)
Que tal ser sócio de um clube exclusivo em que, em vez de dividir com amigos o uso de campos, quadras e piscinas, você compartilhe o volante de uma Ferrari, a direção de uma lancha superesportiva ou o manche de um jato executivo? A possibilidade de cotizar o usufruto desses brinquedos de luxo, comum em países desenvolvidos, como a Inglaterra, acaba de chegar ao Brasil. O novo Four Private Group, inaugurado em outubro em São Paulo, permite aos cotistas milionários dividir a utilização de bens que custam de R$ 500 mil a R$ 19,5 milhões. Não que eles não tenham dinheiro para comprá-los – a capacidade financeira para tanto é um pré-requisito do clube. A proposta é atrair quem não abre mão dessas joias, mas também não quer ter a dor de cabeça habitual dos proprietários tradicionais. “Nosso foco é no consumidor que não quer ter o custo da manutenção nem quer arcar com o prejuízo da depreciação”, explica o empresário Ricardo Jardim, presidente do Four Private Group. O clube do luxo é um negócio da RS Administração e Participações Empresariais S/A, que controla a Companhia Paulista de Energia (Copen), a Copen Geração, a Itanhangá (empreendimento imobiliário) e a Pextrol (distribuidora de petróleo).
Jardim também é o CEO da Copen e, portanto, conhece bem as necessidades dos executivos, empresários e investidores que formam o público-alvo do Four Private Group. Como o próprio nome indica, o programa se baseia na locação de bens exclusivos de forma compartilhada por, no máximo, quatro pessoas. A ideia foi inspirada em outras agremiações similares, como o Classic Car Club, de Londres. Nele, apaixonados pelas quatro rodas realizam o desejo de pilotar saudosos bólidos, a partir de uma taxa anual, como um Ford Mustang conversível, de 1969. O sistema brasileiro oferece a locação de carros (batizado de segmento GT), barcos (Sea) e aeronaves (Air). Os prazos dos contratos variam de 18 a 24 meses, para carros, e 72 meses para barcos e aviões. A adesão custa de R$ 289 mil a R$ 4,75 milhões e a mensalidade sai a partir de R$ 14,5 mil. Os cotistas de carro recebem, a cada semana, um modelo diferente (dentre quatro possíveis). Se o sócio reside em São Paulo o veículo é entregue onde for determinado, sem cobrança de taxa. Cada sócio pode usufruir do modelo de quinta a domingo e toda semana se faz um rodízio completo. Assim, todos os membros do clube usam todos os carros disponíveis durante o mês. Com as aeronaves, o tempo de uso é de sete dias por mês para cada sócio. Já quem quiser pescar ou organizar um jantar romântico em alto-mar terá de quinta a segunda para desfrutar do barco (uma vez por mês).
Em caso de acidentes com culpa do condutor, este cederá seu direito de uso nos meses seguintes aos outros três para compensar o tempo perdido com os consertos. A atual frota de carros do Four Private Group é formada por quatro modelos esportivos, que, com certeza, protagonizam os sonhos de muitos executivos: uma Ferrari F430 Spyder, uma Mercedes SL AMG, uma Maserati e um Mini Cooper Cabrio. Para os amantes da vida no mar, a empresa está fechando a compra de um iate Numarine de 78 pés, com quatro cabines, que custa cerca de R$ 12 milhões. O modelo ficará ancorado em Angra dos Reis e estará disponível a partir do primeiro trimestre de 2011. No pacote da embarcação, já estão embutidos tripulação, seguro e a vaga na marina. Os sócios do superclube poderão alçar altos voos na primeira aeronave já adquirida pelo sistema, o jato Phenom 300, da Embraer (avaliado em R$ 19,5 milhões), também em 2011. O avião ficará estacionado em um hangar de Jundiaí, com tripulação a postos para embarcar em viagens nacionais e internacionais. Para o próximo ano, está prevista a chegada de um Legacy 650 e do luxuoso iate Palmer Johnson, de 135 pés, que será o primeiro a desembarcar no Brasil. O preço do mimo? “Cerca de R$ 70 milhões”, diz Jardim. “Também estão na nossa lista de futuras aquisições veículos das marcas Bentley, Lamborghini e Aston Martin, entre outras”, diz. Para tornar-se um locatário-cotista, o interessado tem de estar com a carteira de habilitação em dia e sua situação financeira deve ter potencial para adquirir o valor total do bem a ser contratado. “São muitas as vantagens do programa com relação à compra ou ao leasing”, afirma Jardim. “Primeiro, não cobramos juros. Para se manter um grupo de carros como o GT seria necessário gastar cerca de R$ 500 mil, em dois anos, só com seguros e IPVA. Sem contar os gastos com manutenção.” Mesmo com somente três cotistas atualmente, Jardim acredita que a empresa será autossustentável até o fim de 2011. “Até lá, teremos uma frota de 24 carros, três iates, três aviões. A meta é fechar 48 contratos de locação. O Brasil tem mais de 150 mil milionários. É para este público que estamos olhando.”
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