segunda-feira, 11 de abril de 2011

Talento e emoção criam o Quadriciclo brasileiro


Por www.fordparatodos.com.br

Um louco por Ford, assim poderia ser definido José Antônio Malavase, proprietário de uma oficina de funilaria e pintura em Jundiaí, interior de São Paulo que, nas horas vagas, deu asas ao sonho de construir uma perfeita réplica do primeiro carro de Henry Ford, o Quadriciclo, cujo original data de 1896. Sem ter o projeto original, nem o desenho das peças e muito menos as dimensões do Quadriciclo original, Malavase, através dos seus conhecimentos de mecânica, pesquisa e muita observação, transformou tudo em desenho técnico, com todos os cálculos de tamanho, altura, largura e comprimento, em polegadas. Formado em mecânica pelo Senai de Jundiaí, Malavase enfrentou o desafio a que se propôs, seguindo sua vocação “fordista”, com origem no seu avô que, em 1920, foi um dos primeiros mecânicos da Ford na concessionária da empresa na cidade, a Bisquolo e Del Nero, hoje Forte Veículos, ainda com a bandeira Ford. Malavase tem, também, um exemplar do modelo Doublé Phaenton 1927/1928 e alimenta, atualmente, um projeto para construir uma réplica de um Ford A. O desafio começou pela busca dos materiais que empregaria na construção: cantoneiras, tubos, rodas de bicicletas com cubos reforçados, feixes de molas etc. O banco, também conhecido como “alboleia”, por exemplo, parecido com o de uma charrete, foi feito com a mesma madeira do Quadriciclo e construído pelo autor da réplica. Foi montado em tecido com acabamento “capitonee”, igual ao original, por Ciro Gomide, da Auto Capas Ciro, especialista na confecção de tapeçarias. Ele desenvolveu a tapeçaria do Quadriciclo em espuma de alta densidade e tecido aveludado na cor musgo claro. Como não seria possível construir o motor, Malavase usou um modelo estacionário de 6,5 hp da marca Italy. As relações foram calculadas com volante pesado e polias do virabrequim do Ford Fiesta que, surpreendentemente, serviu certinho. Para a transmissão foi utilizada uma correia que funciona como tração e a embreagem tem somente uma alavanca. A direção é no estilo leme, igual à original. As barras tem tamanho fixo sem regulagem de convergência. “Quando comecei a andar com o Quadriciclo pelas ruas de Jundiaí, pude constatar que o veículo chegou a atingir 30/40 quilômetros por hora, como o original de Henry Ford”, disse Malavase. O sonho estava realizado e a brisa do vento, com ar de extrema aventura, o induziu a imaginar como foi a primeira vez e o prazer que Ford sentiu nas ruas de Detroit em 1896. A única providência em relação à segurança, que diferencia os dois Quadriciclos, é que no do Malavase foi introduzido um sistema de freios que não existia no original.



Só mesmo muita vontade, conhecimento técnico, observação, tudo baseado nas fotos publicadas na revista que comemorou os 100 anos da Ford, permitiram ao empreendedor de Jundiaí completar o sonho de construir um Quadriciclo como o de Henry Ford. Ele conta que visualizou os componentes de direção e eixo num desenho da lateral que permitiu o cálculo do entre eixos, medindo o raio das rodas e calculando o espaço central em ¾ da roda. Outro problema superado foi o cálculo de relações das polias que somando ao peso do volante permitiu chegar, nos primeiros testes em campo, à velocidade igual à do modelo original, de 16 a 32 km/h. O material usado na estrutura do veículo incluiu vigas em “U” nas longarinas externas, cantoneiras nas longarinas internas, para apoiar o volante e motor, eixos em tubos de aço 1045 e suportes de assento de ferro chato. A carroceria foi construída em madeira de 20 mm de espessura, pois não existe no Brasil a “olmo” madeira original. A pintura do veículo foi feita em preto fosco vinílico, sem-brilho. O original de 1896 era betumado, provavelmente, para melhor proteger o olmo. Os feixes de molas, de aço 1045 batido, e o conjunto coroa e pinhão foram aproveitados de uma moto CG 125. As polias são do motor Ford Zetec, os tensionadores de correias, também do Zetec, e outras peças foram aproveitadas entre as existentes no mercado para reduzir os custos. Assim, com muito esforço e dedicação, um sonho roda nas ruas de Jundiaí, para orgulho do seu criador, que além de conhecer tudo da Ford, realizou-se ao construir o primeiro Quadriciclo brasileiro, 115 anos depois daquele que assustou os vizinhos de Henry Ford nas ruas de Detroit, lá pelas 4 da manhã, naquele famoso 4 de junho de 1896. Esta homenagem coincide com a data do falecimento do fundador da Ford - 7 de abril de 1947, há 64 anos.

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