Por Gustavo Henrique Ruffo (Agência Motor)
Fotos: Ivana Debetoliz/Divulgação e Gustavo Henrique Ruffo
Frank Zappa certa vez disse: “Você não pode ser um país de verdade sem uma cervejaria e uma companhia aérea”. Se ainda estivesse vivo, talvez o famoso músico dissesse que um país também precisa ter sua própria fábrica de automóveis. O Brasil teve a Gurgel, mas não soube protegê-la. Também teve a Puma, que morreu sem incentivos. Pode ser que a TAC Motors, iniciativa de Santa Catarina, tenha mais sorte e se torne o embrião de uma grande companhia. Seu primeiro produto, o Stark, tem sotaque alemão. Stark significa forte, naquele idioma. E o jipe pode ser chamado assim em diversos aspectos. O que o Stark tem de mais forte é seu comportamento dinâmico. A Agência Motor teve a possibilidade de avaliá-lo em um autódromo, o SCPA (Sport Clube Piracicabano de Automobilismo), em Piracicaba, no interior de São Paulo. De cara, pode-se dizer que um autódromo não é o melhor lugar para avaliar um carro com proposta fora-de-estrada e isso é bem verdade, mas, no caso do Stark, isso se mostrou benéfico ao carro. O mal de levar um veículo de centro de gravidade alto e suspensão de curso longo a uma pista de corrida é que ele faz o motorista se sentir um joão-bobo, de tanto que oscila de um lado para o outro. No Stark, isso não acontece. Apesar de ter um curso longo, a suspensão se mostrou firme como a de um carro de passeio, algo que certamente se deve ao uso de dois amortecedores por roda.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O test-drive organizado pela SAE para mostrar a tecnologia a diesel não tinha o objetivo de levar nenhum dos carros a seus limites dinâmicos, o que impediu que forçássemos o Stark, mas pudemos fazer curvas e slaloms com o jipe em uma velocidade na qual boa parte de seus concorrentes fariam os passageiros passar mal. E o fora-de-estrada catarinense não se abalou. Nem abalou ninguém. O motor 2,3-litro da FTP (Fiat Powertrain) também se mostrou muito adequado ao Stark. Com 127 cv a 3.600 rpm e 300 Nm a 1.800 rpm, ele acelera com vontade e não vacila em nenhum momento, algo que ele poderia fazer diante dos 1.635 kg do jipe. A transmissão, manual de cinco velocidades, tem marcha reduzida e bloqueio do diferencial na traseira. Além da firmeza da suspensão, o Stark surpreende pela rapidez de sua direção. Ao contrário da maior parte dos modelos 4x4, que oferecem direções leves em troca de diversas voltas de batente a batente, a do Stark não deixa de ser rápida mesmo com um curso semelhante ao de um automóvel. Considerando os enormes pneus 255/70 R16, isso é um feito e tanto da engenharia da empresa. Aliás, até uma das coisas que o Stark tem de criticável tem sua razão de ser. O engate da primeira marcha exige trazer a alavanca de câmbio para muito perto do corpo do motorista. A segunda joga o braço muito para trás. Para acionar o limpador de para-brisa, a mão fica prensada entre o volante e o console central. O motivo de tudo isso foi o alinhamento entre a direção e o banco do motorista. Segundo Santos, o jipe poderia ter evitado todos esses problemas se o volante tivesse sido deslocado para a esquerda. Pelo prazer de dirigir, é melhor que as coisas continuem exatamente como estão. O TAC Stark é vendido diretamente pela fábrica ou por seu único revendedor no Brasil até o momento, a loja Auto Toy, que fica em São Paulo. O jipe é comercializado por R$ 98,78 mil, valor que inclui direção hidráulica, ar-condicionado, travas e vidros elétricos, faróis de neblina, entre os elementos dignos de nota. Barato não é, mas deve haver bastante gente disposta a ter um jipe que roda como um automóvel. Também deve ter muito brasileiro torcendo para pelo menos uma fabricante de automóveis ser e continuar a ser brasileira. Quem sabe não é a TAC Motors?
Ficha Técnica – TAC Stark
Motor: Quatro tempos, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, a diesel, com injeção por galeria única (common rail), longitudinal, 2.287 cm³ de cilindrada
Potência: 127 cv a 3.600 rpm
Torque: 300 Nm a 1.800 rpm
Direção: por pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
Transmissão: manual de cinco velocidades, com marcha reduzida
Dimensões: 4,08 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,90 m de altura e 2,54 m de entre-eixos.
Medidas fora-de-estrada: vão livre de 24 cm, 49º de ângulo de ataque, 44º de ângulo de saída e 29 º de ângulo de rampa
Porta-malas: não divulgado
Tanque de combustível: 70 l
Peso: 1.635 kg
Suspensão: independente nas quatro rodas, com braços em “A” sobrepostos e dois amortecedores por roda
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Rodas e pneus: de liga-leve, aro 16”, com pneus 255/70 R16
Preços: R$ 98,78 mil
OLá Marcos
ResponderExcluirMaravilha ! muito legal
Conheço o Gustavo também.
Parabens pela ótima matéria.
Abraço
Fernando Gennaro