sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Abeiva questiona declarações de Mantega


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Por Textofinal de Comunicação Integrada

Às declarações de Guido Mantega, ontem, na audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre a elevação do IPI em 30 pontos percentuais aos veículos importados de que a iniciativa foi “bem sucedida” e “houve uma expressiva elevação dos anúncios de investimentos estrangeiros”, o presidente da Abeiva – Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores, José Luiz Gandini, reafirmou que o Brasil, por meio do Ministério da Fazenda, feriu a leis de comércio internacionais, os direitos dos cidadãos brasileiros, a livre competição e que em nada contribui para o aumento da competitividade setorial.

O Governo, erroneamente, não considerou ou mesmo entendeu o impacto da globalização dessa indústria, que tem se pautado no desenvolvimento de plataformas globais, adequação dos veículos dessas plataformas para cadamercado e região e complementação de portfólio de produto para segmentos específicos com veículos de regiões complementares”, destaca Gandini. Para o presidente da Abeiva, dos nove projetos de localização de produção, para veículos leves, apenas um é novo, tendo sido anunciado após o Decreto 7.567. “Projetos da Chery, BMW, Suzuki, Hyundai, entre outros, foram anunciados antes do dia 15 de setembro último. Até mesmo o da JAC Motors, protocolado na última semana, tinha sido amplamente noticiado antes do Decreto”, enfatiza Gandini.

Contra o argumento de Mantega de que “os investimentos só ocorreram devido à ação do governo... Se não tomássemos essa medida, [investimentos] iriam para locais onde estão manipulando câmbio e taxas... Estamos preservando o emprego no País”, Gandini lembra que as vendas globais de autoveículos já voltaram a patamares superiores à crise de 2009.

A capacidade instalada global já ultrapassou o limite sustentável de 80% de utilização e a ideia de invasão do mercado por fabricantes de outros regiões é um delírio. Muito provavelmente, a presidente Dilma Rousseff não recebeu estudos mais completos do setor no Brasil, pois se considerarmos o total de 677 mil veículos importados de janeiro a outubro deste ano, 75,23% foram importados por associadas à Anfavea, e 24,36% por filiadas à Abeiva [outros 0,41% por importadores independentes]”, explica Gandini.

Do total de 2.791.288 veículos emplacados de janeiro a outubro deste ano, os importadores sem fábrica do País responderam por apenas 5,91%, ou seja, de 165.114 unidades. “Do total estimado de 800 mil veículos a serem importados este ano, deveremos responder 200 mil unidades, ou seja 25%. O restante, em sua grande maioria, vem da Argentina e do México, que tem zero de alíquota de importação”, ressalta Gandini.

Quanto à capacidade brasileira de exportação, o presidente da Abeiva disse que “o real motivo de o Brasil não conseguir exportar é o fato de que, ao contrário de outros pólos produtivos, como China e Coreia do Sul, não investiu nos últimos anos em inovação e aumento do conteúdo tecnológico dos veículos. Esses fatores, associados à baixa ação do governo na sua função de regular o mercado de matérias primas, reduziu drasticamente a competitividade dos produtos `nacionais´. Assim, mesmo que tivéssemos câmbio mais favorável à exportação, as chances seriam mínimas e restrita ao mercado de baixo volume da América do Sul”, esclarece.

Finalmente, em relação ao déficit da balança comercial do setor automotivo, Gandini sustenta que “o ministro Mantega aplicou um antídoto no paciente errado. O grande déficit do setor de transportes está na importação desenfreada de autopeças e de veículos da Argentina e do México, pois tecnicamente, eles aparecem na balança comercial como produtos importados". "O setor de importação de veículos acabados cresceu sim, mas porque o mercado mudou, o consumidor – mais informado e com maior renda – mudou e passou a desejar produtos melhores, com substancial aumento de valor agregado tecnológico”.

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