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Você é criativo, curioso e ama criar ideias diferentes para
resolver tudo? Então você vai se identificar com a profissão de inventor
independente. Venha conhecer as invenções inovadoras de Paulo Gannam, voltadas
para o mercado automotivo, Saiba também os ônus e bônus do ofício de inventor
no Brasil.
1) O que
pretende oferecer para a sociedade?
Uma vida surpreendente, segura, confortável, ágil, saudável, divertida,
e barata por meio de soluções capazes de atender suas necessidades, pondo fim a
preocupações cotidianas e a antigos problemas.
2) O que
você já criou?
Um
protetor de unhas destinado a uma doença que acomete de 19% a 45% da população,
e costuma começar na infância. Uma película que reveste as unhas de roedores de
unhas (Onicofagia) de modo elegante e discreto. O protetor inibe um hábito
autodestrutivo e ajuda o usuário a identificar quais pensamentos e emoções
estão envolvidos na compulsão. Sem efeitos colaterais dos medicamentos, podendo
ser usado por adultos e crianças, dependendo do material.
Já para aqueles que preservam bem as unhas, concebemos uma lixa
para unhas três em uma com um formato inovador, cujas extremidades lembram as
de uma espátula. Assim, você pode nivelar e dar brilho à superfície das unhas
sem incomodar o tato e sem gerar esfoliações na pele que fica logo ao lado da
cutícula, um problema bastante observado nas lixas que tem mais de duas funções
no mercado.
3) Você
tem alguma proposta para o setor automotivo?
Para o setor automotivo, a primeira criação é de um aparelho
constituído de botões que se comunica com um aplicativo de trânsito. Esta
junção resultou em um sistema sem precedentes que permite que motoristas e
motociclistas enviem todo o tipo de mensagem uns aos outros, de modo seguro,
ágil e com informações bem especificadas e objetivas, visando, entre outras
coisas, à prevenção de acidentes e à formação de um clima amistoso e de
cooperação no trânsito. Clicou no botãozinho, pronto: uma mensagem em áudio
e-ou texto é enviada. Estas mensagens podem ser pré-gravadas ou não. E quanto
mais os motoristas se condicionarem a usar o sistema, mais informações serão
geradas. E direcionar a aquisição desse valioso volume de informações,
conhecido como Big Data, é prioridade na indústria automotiva a fim de aumentar
a segurança.
Aqui podem ser encontrados dois vídeos demonstrativos de uma das
formas de fazer do produto:
A
segunda invenção é de um conjunto de sensores que auxilia o motorista a fazer
baliza e a evitar o choque dos pneus, das rodas e das calotas durante estacionamento
e encostamento junto à calçada. Ele é de baixo custo, de fácil instalação, e
infinitamente mais barato e eficiente que estes park assist tradicionais hoje
disponíveis no mercado e presentes, notadamente, em veículos mais caros,
encarecendo-os em cerca de R$ 6 mil reais.
Aqui
você pode encontrar um exemplo de uma das provas de conceito desenvolvidas,
demonstrando como um dos sensores poderia funcionar ao se executar a manobra.
Este
auxiliar de baliza e de alinhamento do veículo junto à calçada pode estar
conectado ao painel do veículo, a um aplicativo, ao cluster, etc, e assim
oferecer as informações por meio de alerta visual e sonoro, contendo até instruções
ao motorista durante a manobra.
4) Como
funciona o processo de criação e pesquisa de um inventor independente?
Isso depende muito da bagagem técnica do inventor e dos “rituais”
que ele adota para identificar e resolver problemas. Eu sou um tipo de inventor
com uma quantidade muito grande de ideias, mas nem sempre com o conhecimento
técnico para desenvolvê-las. Então, preciso às vezes sair em busca de quem
tenha a competência necessária para me ajudar a desenvolver pelo menos as
provas de conceito de algumas de minhas invenções. E encontrar pessoas
confiáveis e sensatas nesse meio não é fácil. Leva tempo...
Muitas vezes, o inventor precisa ter mais características de
administrador do que de qualquer outra coisa. Precisa ser um articulador,
conhecer pessoas com competências distintas para poder atingir o objetivo de
levar seu sonho até o mercado.
Por outro lado, não pode descartar totalmente o lado artístico e muitas
vezes romântico da profissão, ao estilo de um trecho da canção de Jim Croce, “I
got a name”, que diz que “se eu chegar a lugar algum, chegarei lá orgulhoso”. Esse tipo de pensamento já me ajudou muito a
perseverar e a esquecer um pouco rivalidades e competições excessivas
peculiares ao mundo dos negócios.
Quanto ao processo de criação, ajuda muito você ter um
temperamento irritadiço e insatisfeito com as coisas do jeito que estão.
Colocar o pé na estrada, tomar um cafezinho e observar as pessoas são rotinas
que também ajudam. Qualquer objeto ou comportamento é passível de melhoria se
você entrar numa frequência inventiva.
Só que hoje não basta o inventor criar um produto, patenteá-lo e
achar que seu conceito vai chegar ao mercado só porque ele e seus amigos acham
a ideia legal. É necessário que ele passe a estudar conceitos de validação da
ideia, de inovação de valor, de startup enxuta, curvas de intersecção
tecnológica, estratégias de marketing, propriedade intelectual, e assim por
diante.
Há muita concorrência no mercado e uma enxurrada de ideias que são
boladas todos os dias por startups e universidades, com pitches de alto padrão (pitch é uma apresentação sumária de 3 a
5 minutos com objetivo de despertar o interesse do investidor pelo seu negócio).
Por isso, uma simples ideia, sem os
devidos dados de pesquisa e argumentações comerciais, corre o risco de não valer
nada!
5) Que
inovação pertinente já causou impacto, ou pretende causar futuramente?
Sem dúvida, a do sistema de cooperação e comunicação entre
motoristas. Há grande preocupação com os novos sistemas de automóveis
conectados que contribuem para a condução distraída. A maioria dos estados
norte-americanos, por exemplo, aprovou leis que proíbem o uso de dispositivos
celulares de mão ao volante e mais estados estão passando leis sobre mensagens
de texto durante a condução. O carro conectado abordará muitas dessas questões,
mas o impacto da legislação ainda não está claro. Os consumidores continuarão a
insistir no uso da tecnologia sem fio ao volante.
Por isso, cabe às montadoras
e sistemistas encontrar maneiras de oferecer uma experiência de conectividade
perfeita em smartphones e carros conectados. E meu sistema é capaz de
contribuir para isso. A diferenciação virá da inovação e dos novos recursos
que equilibram a funcionalidade em relação à segurança, para que os motoristas
controlem o seu mundo digital de trás do volante. Embora vejamos grande
promessa em veículos autônomos, relatórios recentes projetam apenas que 4% dos
2 bilhões de carros no mundo em 2035 será autônomo. Isso deixa mais de 95% dos
carros sem recursos autônomos quase 20 anos a partir de agora. Então não dá para
esperar. É preciso criar sistemas intermediários durante a transição.
6) Que
tipo de retorno você obteve? Atendeu as suas expectativas? O que você esperava?
Se você conhecer um inventor dizendo que ganhou rios de dinheiro
no Brasil, desconfie, pois, muito provavelmente, ou ele é um mentiroso, ou ele
pertence a um “seleto” grupo de pessoas físicas – não vinculadas a institutos
de pesquisa e universidades – que conseguiram licenciar ou vender por um bom
valor a patente de seu invento, após heroicos esforços.
No momento, estou em negociação com empresas e intermediários de
investidores. Não é fácil você fechar parceria com empresas e investidores. Na
verdade, é muito difícil! Pois o que está rolando hoje é se investir em
empresas e não em produtos. E o trabalho do inventor é focado na criação e
desenvolvimento de produtos. Ele não quer, nem tem tempo ou competência
comercial e fabril para implementar seu projeto no mercado. Então seu projeto
só irá chegar às prateleiras se um investidor com perfil raro no Brasil se
interessar pela inovação dele, depois de um longo período de negociação que
inclui analisar e tentar converter a ideia num negócio lucrativo e escalável.
7) O que
você já conseguiu implementar na prática?
Não é o inventor independente, pessoa física, depositante de um
pedido de patente, quem implementa o projeto dele, na maioria das vezes. O
inventor procura por empresas estabelecidas, nascentes ou emergentes que sejam
capazes de fazê-lo com base na ideia original do inventor e-ou em seus
desdobramentos. Este é um mal entendido muito comum até no mundo dos negócios.
O inventor precisa se aproximar de empresas que tenham como prática ou previsto
em suas políticas o investimento em novas patentes e produtos, incorporando-os
em seu portfólio por meio, por exemplo, do licenciamento ou aquisição
definitiva da patente.
8) Como
os produtos são recebidos?
Das mais
diversas formas. Depende da empresa ou da pessoa para quem você apresenta a
ideia, e da forma com que você as aborda. Há, por exemplo:
1- Os especuladores: Quando o inventor
não aguenta mais arcar com os custos de seu pedido de patente e não encontra um
investidor em tempo. Com o bolso apertado, ele deixa de pagar taxas no INPI e
seu pedido é arquivado. Nessa hora entram em cena as “empresas abutres”, que
irão pegar a carcaça (patente) que caiu em domínio público para poderem
fabricá-la e comercializá-la sem terem legalmente de pagar um tostão ao
inventor.
2- Os invejosos: estes são aqueles que
costumam apedrejar a ideia do inventor ao tomarem contato com ela. Normalmente
funcionários do "baixo clero”, que se sentem ameaçados por ideias advindas
de fora da empresa em que trabalham.
Ficam com dor de cotovelo e não embasam sua opinião em argumentos
técnicos, apenas dizem sua própria impressão como consumidor, e usam
tecnologias muito avançadas para justificar o quão dispensável é a ideia do
inventor. Não entendem de inovação, e nem mesmo de negócios. Se entendem, não
estão a serviço desse conhecimento e sim da preocupação excessiva com a própria
carreira.
3- Os fingidos: empresários ou
funcionários que pedem o máximo de informações possíveis do seu projeto, para
depois lhe retornar com um diplomático “não”. Eles vão aproveitar as
informações passadas pelo inventor para desenvolverem seus próprios produtos.
Fingem ter interesse para o inventor ficar animado com a possibilidade de um
negócio fechado. O inventor, por ser a parte mais fraca na relação negocial,
pode acabar evitando de pedir assinatura de um NDA (termo de confidencialidade)
e se estrepando.
4- Os sensatos: aqui
está uns 10% por cento de empresários e empresas idôneas que possuem protocolos
claros e justos quanto ao trato com ideias de inventores externos. Recebem a
ideia, a analisam, normalmente assinam NDA e dão um retorno detalhado sobre o
porquê da aceitação ou negativa sobre o projeto.
9) Acredita que as burocracias atrapalham a vida e a
criatividade do inventor independente?
Não
tenha dúvida. O INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), apesar dos
intensos esforços dos profissionais que nele atuam, está carente de pessoal, o
que retarda a análise em cerca de 10 anos entre o depósito do pedido e a
concessão ou negativa da carta-patente. Esse tempo é o suficiente para tornar
sua patente obsoleta e, além disso, desestimula investidores a aplicarem
recursos numa tecnologia sem segurança jurídica para exploração comercial.
Outro
ponto é a falta de programas voltados ao inventor independente, pessoa física,
para que ele possa, por exemplo, desenvolver um protótipo, elaborar e depositar
seu pedido de patente, validar o conceito do produto entrevistando pelo menos
umas 30 pessoas, e efetuar um estudo de viabilidade econômico-financeira do
projeto.
Quase
100% dos programas existentes exigem que o inventor trabalhe em equipe, tenha
CNPJ, apresente determinadas qualificações para alavancar uma empresa, e assim
por diante. Esses editais vão na
contramão da inovação porque o foco precisa estar na qualidade do projeto em
si, que nascido ou não dentro de uma empresa, por alguém com diploma ou não, desenvolvido
por uma equipe ou não, pode trazer renda, impostos, empregos e salários que
mantém toda uma sociedade.
Exigir
CNPJ do inventor é burrice, é entrave, e faz aumentar o número de patentes
engavetadas no Brasil, que, aliás, é campeão nisso. Dos 22 mil pedidos de
patente processados em 2016 no Brasil, 68% foram retirados ou abandonados pelo
solicitante. Em 2017, dos 41 mil pedidos processados, 78% do total foi retirado
e arquivado por falta de pagamento de taxas – que por si só já são doentias.
Porque quem inova está fazendo um favor ao Estado, não o contrário.
Deveria
haver todo o tipo de incentivo para que, por exemplo, pessoas físicas,
inventores independentes, pudessem depositar seu pedido e ter uma análise
acelerada do processo. Esses inventores, PF’s, residentes no Brasil, foram
responsáveis em 2017 por aproximadamente 47% dos pedidos de patente de invenção
e por cerca de 68% dos pedidos de patente de modelos de utilidade protocolados
no INPI. Então há muito o que mudar na cultura e na legislação
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