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Durante todo o século passado e a primeira década do atual, foi difícil
encontrar quem levasse os “carros verdes” (especialmente, os elétricos e híbridos ) a sério. Para
a maioria dos dirigentes das montadoras, o carro “verde” não passava de apelo
de marketing sustentável.
A situação já não é mais a mesma e, atualmente, dependendo da região do
mundo onde se vive, o difícil será encontrar quem continue apostando no sucesso
dos carros movidos a combustível fóssil.
Na Noruega, por exemplo, há um boom de vendas de carros elétricos, cuja a
taxa de crescimento é superior a 20% ao mês. Atualmente, os VEs por lá detém
20,3 por cento de market share (a
maior penetração do mundo). A Tesla, Nissan e BMW são as marcas que
mais vendem no país nórdico (EV Norway, 2014). Por lá, as promoções de veículos “verdes“ são comuns, e vender
um carro a gasolina, por exemplo, já não é uma tarefa fácil.
Tal fato ocorre, sobretudo, devido a um acordo firmado entre o Partido
Liberal do Parlamento e do Partido Democrata Cristão noruegueses para combater
as alterações climáticas e evitar poluição do ar nas suas cidades. O país
trabalha para atingir redução de cerca de 8 milhões de toneladas de emissões, e
para isso o governo oferece incentivos para a mobilidade elétrica.
Naturalmente, há outros casos em que a mobilidade “verde“, tendo o
veículo elétrico como líder de vendas, segue firme em seu propósito de ganhar
eficiência e reduzir emissões de GEE, como é o caso da Califórnia, nos Estados Unidos.
Mas, ficará a indústria dos combustíveis fósseis assistindo passivamente
a evolução dos veículos “zero emission”? Naturalmente, não. Há
robustos investimentos neste segmento, e a última coisa que o investidor
internacional deste setor irá admitir, é perder dinheiro. Neste sentido, a
engenharia tentará todos os recursos para tonar o motor de combustão interna
mais eficiente, a fim de se adequar a legislações, a exemplo da europeia e
norte americana, que são menos tolerantes às emissões dos veículos automotores.
Segundo dados do Banco Mundial (Fighting Climate Change through Sustainable Transport in Latin America,
2014), na América Latina, o setor de transporte é responsável por mais de um
terço das emissões de dióxido de carbono (CO2),
e é o setor que mais cresce. A Agência Internacional de
Energia (AIE, 2014) prevê que as emissões de CO2
dos veículos automotores a nível mundial, vai crescer por um fator de 2,4 (ou
140%) a partir de cerca de 4,6 giga toneladas em 2000 para 11,2 em 2050. Daí, o
transporte urbano representar um setor-chave nos esforços de longo prazo de
mitigação de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Diante disso, alguns coelhos continuam saindo da cartola. Um dos mais
recentes e inovadores, e que promete ficar para sempre, é o motor que se
desliga automaticamente quando o carro está parado, e volta a ligar-se quando é
hora de se mover, conhecido pelo nome em inglês stop-start
vehicle’s (SSV’s). Esse recurso, pode economizar quantidades
significativas de combustível, além de reduzir as emissões dos veículos,
especialmente, nos grandes centros urbanos em que o trânsito costuma ficar
congestionado.
Os carros à combustão interna mais modernos, estão começando a adotar
algumas das características que foram inicialmente desenvolvidos para veículos
híbridos. O desafio é obter o máximo de eficiência com menor custo. A tendência
é que as vendas de carros equipados com sistema SSV’s
serão crescentes, e dominarão os mercados da América do Norte, Europa Ocidental e Ásia-Pacífico (Navigante, 2014: Stop-Start Vehicles),
por serem os mais rigorosos na implementação de economia de combustível, e menos
tolerantes às emissões de GEE.
Pesquisa da empresa Navigant Research aponta que o total de vendas globais de veículos equipados com o sistema
inteligente SSV’s irão ultrapassar 55
milhões em 2022, devendo representar, nessa altura, em torno de 54,0% do total
das vendas de globais de automóveis (Navigante, 2014: Stop-Start Vehicles).
Novas tecnologias continuarão surgindo para tentar alongar a vida útil dos
veículos de combustão interna, no entanto, por mais que haja inovação será
pouco provável que tais motores superem os benefícios dos híbridos, elétricos,
hidrogênio e outras tecnologias que poderão surgir.
O fato é que os governos dos países desenvolvidos (e outros em
desenvolvimento, a exemplo da China) estão comprometidos com a necessidade de
reduzir as emissões de GEE, a fim de minimizar os efeitos das alterações climáticas perigosas, bem como os seus efeitos perversos na saúde humana, além de impactos
negativos sobre a terra, água e biodiversidade. De acordo com World Health Organization (WHO, 2014), a poluição do ar é responsável por cinco milhões de
mortes prematuras por ano, e 8% de todos os problemas de saúde.
Segundo dados do Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC), as emissões teriam de ser reduzida para cerca
de 50% do nível de 2000, até 2050, e em torno de zero até o final do século, a
fim de que haja pelo menos uma probabilidade de 50% de cumprimento da meta de
aumento de apenas 20C na temperatura global. Ocorre, que todos os
cenários revelam que as emissões antropogênicas estão perigosamente acima dos
limites que o planeta é capaz de absorver.
Neste contexto, o provável é que a área dos transportes deverá priorizar
veículos movidos a eletricidade, híbridos, hidrogénio ou
qualquer outra opção “verde” que seja oferecido, a fim de melhorar a eficiência
na utilização final, aumentar a flexibilidade da oferta e a relação
custo-eficácia global da transformação do sistema de energia (DP van Vuuren,
2012: An energy vision).
Pense nisso e ótima semana,
Evaldo Costa
Escritor e conferencista
Doutorando em Política de Desenvolvimento Sustentável na Europa
Blog: verdesobrerodas.com.br
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