segunda-feira, 18 de julho de 2011

Siga em frente. Não há vagas para estacionar


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Por Marcelo Mariaca*


O mundo mudou, o trabalho mudou, as pessoas mudaram. Há muito não existe aquele conceito antigo de emprego, em que as pessoas entram em uma empresa e ficam anos seguidos ali, muitas vezes sem se preocupar com aprendizado, produtividade e satisfação pessoal. Ficam estacionadas. Algumas crescem e mudam de vaga. Outras se mantêm na mesmíssima posição, com medo de se mover alguns metros adiante. Essa imagem acaba parecendo com a de um estacionamento de carro, é verdade. A função dos empregados, todo dia, é acordar, se arrumar e seguir para o trabalho – como um veículo, eles só funcionam quando alguém os dirige. Não andam sozinhos.

A metáfora é exagerada, porque, claro, nem todas as pessoas agem assim. Mas o resultado é que, nessas estradas, quem se destacava – o carro mais eficiente, veloz e adaptável ao “trânsito” – acabava sendo elevado ao topo em menos tempo.

Hoje, com a competitividade do jeito que está, torna-se necessário colocar muito mais energia, eficiência e velocidade no trabalho. As empresas não têm mais aquelas tantas camadas de reserva que tinham. Elas trabalham de forma mais enxuta. O profissional que se integra ao time deve saber que precisa se desenvolver e crescer no universo corporativo – o crescimento é o único jeito de manter a empregabilidade nos dias atuais.

Garantir a competitividade tem sido o lema de muitas empresas que estão focando a atenção nos resultados apresentados pelos funcionários. Como conseqüência, o perfil do profissional ideal passou por mudanças. O que se espera dos talentos agora é uma visão aguçada dos negócios. Ter conhecimentos técnicos profundos deixou de ser prioridade até para quem busca uma colocação de CEO (Chief Executive Officer). O que as empresas querem são profissionais que têm a combinação perfeita de conhecimentos técnicos – suficientemente bons para o desempenho de suas funções – com traços fortes de liderança.

Mas, antes de tudo, esse líder tem de gostar e conhecer o negócio no qual trabalha, ou seja, deve ter visão estratégica e global do negócio, ser criativo e manter bons relacionamentos com toda a equipe e com o mundo dos negócios. Sintonia de valores éticos entre funcionário e empresa, maturidade, habilidade de comunicação, adaptabilidade e multifuncionalidade são as qualificações exigidas, principalmente para cargos de gerência, diretoria e presidência.

Como se vê, o talento dos dias atuais não é mais o profissional totalmente dedicado a uma especialidade – ele é multifuncional, ou seja, conhece um pouco de tudo que é relevante para a empresa e sabe motivar e energizar as pessoas a seu redor. Porém, o mais importante é sua ampla visão de negócios. Sem ela, as chances de conseguir um posto mais alto na hierarquia organizacional não são nulas, mas mais difíceis.

A renovação do perfil profissional resulta das mudanças ocorridas no relacionamento entre empresas e funcionários, ligação que se tornou menos paternalista e passou a valorizar o profissional mais autossuficiente. Mas também não deixa de ser uma influência das mudanças econômicas da ultima década, com a globalização apontando para novos paradigmas e tendências.

Mas isso só ocorre com a média gerência e cargos inferiores? De jeito nenhum. Mesmo os CEOs e outros altos executivos estão nessa roda vida. Ninguém está seguro na cadeira se não entregar os resultados demandados pelos acionistas. Pesquisas internacionais revelam, por exemplo, que a duração de um CEO no cargo oscila entre quatro e sete anos. E nem acionistas que exercem cargos executivos na empresa podem relaxar, pois correm o risco de serem ejetados pelo Conselho de Administração.


*Marcelo Mariaca é presidente do Conselho de Sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School.

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