sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Coluna #Trânsito e Vidas por Mario Divo - Um olhar no futuro!


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Muito interessante o debate que o jornalista Mark Rechtin abriu no editorial do site MotorTrends, em 7 de fevereiro deste ano. O título de sua postagem foi “Porque o modelo Tesla não será replicável por outras marcas”. Será isso uma verdade?

Em sua argumentação, tudo começa por afirmar que a Tesla fez muito sucesso até o momento, com a construção e venda de veículos elétricos em quantidades maciças. E há outras montadoras nascentes prometendo proezas semelhantes em tecnologia, ofertas de produtos e metas de vendas. Muitos apostam em que a impressão em 3-D poderá fornecer montadoras de baixo volume com um método de menor custo de fabricação de peças, o que normalmente exigiria centenas de milhões de dólares em ferramentas, por exemplo. 

A capacidade de Tesla para fabricar carros foi em grande parte resultado do acerto no tempo justo para ter capital e alavancagem quando cada fabricante de automóveis estava cortando custos. A Toyota vendeu para a Tesla uma fábrica de US$ 800 milhões da New United Motor Manufacturing Inc., e grande parte de suas ferramentas, por apenas US$ 59 milhões. A Tesla também adquiriu uma prensa de estampagem hidráulica Schuler SMG de um fornecedor endividado de Detroit, a qual valia US$ 50 milhões e pela qual pagou US$ 6 milhões, incluindo o transporte.

Essencialmente, a Tesla não precisou de um grande capital para investimento de partida para começar, porque via uma indústria automobilística em dificuldades, abrindo espaço a excelentes negociações. Esses ingredientes não estão mais presentes na economia e, dificilmente, estarão na economia do futuro. Hoje, US$ 1 bilhão é o mínimo para entrar no jogo, ao que se pode acrescentar custos de P&D para criar a primeira plataforma, atrair uma rede de fornecedores, passar por testes de impacto e de sustentabilidade ambiental, para então viabilizar um carro que as pessoas queiram comprar em volume. Há também as despesas de marketing e o custo de uma rede de vendas e distribuição.

Vale sempre lembrar um exemplo passado. Em 1946, o bilionário Henry Kaiser anunciou que iria gastar US$ 50 milhões (cerca de US$ 620 milhões em dólares com a correção do tempo) para lançar sua própria empresa de automóveis, levando os concorrentes a zombarem de sua aposta. Embora fizesse bons carros, Kaiser foi ficando subcapitalizado continuamente, até que vendeu a companhia para uma outra empresa, a Willys-Overland.

Para muitos, a Tesla corre o mesmo risco de não conseguir viabilizar o seu planejamento de longo prazo e ser engolida por montadoras já bem estabelecidas. O tempo mostrará a verdade quanto ao aspecto empresarial. Porém, ninguém tem dúvida de que a Tesla foi a precursora de um novo modelo de carros que vai ocupar os espaços viários do futuro, em uma nova relação com motoristas e cidadãos.


Mario Divo é o Diretor Executivo do ACBr – Automóvel Clube Brasileiro e também é o Clube Correspondente da FIA – Federação Internacional do Automóvel

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