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Muito interessante o debate que o jornalista Mark Rechtin
abriu no editorial do site MotorTrends, em 7 de fevereiro deste ano. O título
de sua postagem foi “Porque o modelo Tesla não será replicável por outras
marcas”. Será isso uma verdade?
Em sua argumentação, tudo começa por afirmar que a Tesla fez
muito sucesso até o momento, com a construção e venda de veículos elétricos em
quantidades maciças. E há outras montadoras nascentes prometendo proezas
semelhantes em tecnologia, ofertas de produtos e metas de vendas. Muitos apostam
em que a impressão em 3-D poderá fornecer montadoras de baixo volume com um
método de menor custo de fabricação de peças, o que normalmente exigiria
centenas de milhões de dólares em ferramentas, por exemplo.
A capacidade de Tesla para fabricar carros foi em grande
parte resultado do acerto no tempo justo para ter capital e alavancagem quando
cada fabricante de automóveis estava cortando custos. A Toyota vendeu para a
Tesla uma fábrica de US$ 800 milhões da New United Motor Manufacturing Inc., e grande
parte de suas ferramentas, por apenas US$ 59 milhões. A Tesla também adquiriu
uma prensa de estampagem hidráulica Schuler SMG de um fornecedor endividado de
Detroit, a qual valia US$ 50 milhões e pela qual pagou US$ 6 milhões, incluindo
o transporte.
Essencialmente, a Tesla não precisou de um grande capital
para investimento de partida para começar, porque via uma indústria
automobilística em dificuldades, abrindo espaço a excelentes negociações. Esses
ingredientes não estão mais presentes na economia e, dificilmente, estarão na
economia do futuro. Hoje, US$ 1 bilhão é o mínimo para entrar no jogo, ao que
se pode acrescentar custos de P&D para criar a primeira plataforma, atrair
uma rede de fornecedores, passar por testes de impacto e de sustentabilidade
ambiental, para então viabilizar um carro que as pessoas queiram comprar em
volume. Há também as despesas de marketing e o custo de uma rede de vendas e
distribuição.
Vale sempre lembrar um exemplo passado. Em 1946, o
bilionário Henry Kaiser anunciou que iria gastar US$ 50 milhões (cerca de US$
620 milhões em dólares com a correção do tempo) para lançar sua própria empresa
de automóveis, levando os concorrentes a zombarem de sua aposta. Embora fizesse
bons carros, Kaiser foi ficando subcapitalizado continuamente, até que vendeu a
companhia para uma outra empresa, a Willys-Overland.
Para muitos, a Tesla corre o mesmo risco de não conseguir
viabilizar o seu planejamento de longo prazo e ser engolida por montadoras já
bem estabelecidas. O tempo mostrará a verdade quanto ao aspecto empresarial.
Porém, ninguém tem dúvida de que a Tesla foi a precursora de um novo modelo de
carros que vai ocupar os espaços viários do futuro, em uma nova relação com
motoristas e cidadãos.
Mario Divo é o Diretor Executivo do ACBr – Automóvel Clube
Brasileiro e também é o Clube Correspondente da FIA – Federação Internacional
do Automóvel
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