terça-feira, 29 de março de 2011

Ford fala do desafio da inovação na busca de novas tecnologias nacionais





Por www.fordparatodos.com.br

A realização em São Paulo (28/03) do Simpósio sobre Novas Tecnologias na Indústria Automobilística – O desafio de reinventar o automóvel brasileiro - reuniu a nata do setor de engenharia automotiva nacional, justamente no aniversário de 20 anos da SAE Brasil, com palestras e debates que mostraram a realidade do segmento e seus grandes desafios. O paradigma é que o Brasil já alcançou posição de destaque mundial na produção e venda de automóveis, não importa muito sua colocação no ranking mas, quando o País é avaliado pela competitividade sua performance deixa muito a desejar. Foi o que apontou, recentemente, o Fórum econômico mundial que avaliou a situação de 139 países e classificou o Brasil apenas no 58º posto. Entre as diversas palestras apresentadas, o importante assunto inovação ficou por conta de Rogelio Golfarb, Diretor de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul. A Ford é reconhecida em todo o mundo como grande empresa inovadora. No Brasil, no entanto, há a necessidade urgente do segmento automotivo alcançar maior competitividade e, para isso, explicou Rogelio, um bom início seria a avaliação e consolidação de uma agenda nacional com tópicos relevantes como:

a) Redução dos gargalos da infraestrutura;

b) Redução dos custos de mão-de-obra (entenda-se custos tributários e não salários);

c) Simplificação e redução dos tributos;

d) Redução dos custos de capital;

e) Redução dos custos logísticos.





Todavia, segundo o executivo da Ford, o grande problema é a busca de idéias inovadoras no setor. Rogelio lembrou que até a China já traçou seus destinos e objetivos baseados na inovação. Os chineses não estão brincando na tomada do poder no setor automobilístico mundial. Os registros de patentes na China, em todas as atividades econômicas, cresceram 23% ao ano no período de 2003 a 2009 e tende ser ainda maior daqui para a frente. Só para comparar, no mesmo espaço de tempo o registro de patentes nas Américas cresceu 6%, na Coréia do Sul, 5%, na Europa, 4% e no Japão, apenas 1%. Dessa forma a China já se tornou a maior geradora de patentes do mundo. Dentro desse quadro, o importante é sensibilizar as autoridades do que seria razoável desenvolver como política de governo como, por exemplo:

a) Redução significativa de custos fiscais e operacionais em P&D;

b) Incentivos à inovação para pessoas físicas e jurídicas, incluindo-se criação, expansão e modernização da Engenharia;

c) Maior integração entre Universidades, Instituições de pesquisas e a indústria. No Brasil, esses segmentos estão muito distantes uns dos outros e alguma coisa precisa ser feita urgentemente para que as inteligências desse tripé se casem;

d) Implantação de políticas de RH com planos de carreira voltados a pesquisa e desenvolvimento;

e) Desenvolvimento da cultura empresarial da inovação;

f) Promover a crescente formação de engenheiros e incentivá-los a permanecer na área ao invés de procurar empregos em bancos ou na área financeira. A maior demanda, no momento, é pela formação e conhecimento dos jovens engenheiros na área de eletrônica, basicamente, porque a área de engenharia mecânica cada vez mais será substituída pela tecnologia embarcada que logo fará com que carros conversem entre si. Além disso, a indústria automobilística precisa de engenheiros que carreguem em seus DNAs o espírito da inovação, importante arma para que o Brasil possa competir no mercado internacional.

Também dentro da empresa é preciso inovar

Para tanto, afirma o diretor da Ford, “é necessária uma mudança cultural nas empresas a fim de criarem um ambiente propício para a geração e aplicação de novas idéias. Em relação à formação profissional, não se pode mais pensar em custos, mas em investimentos na área de TI com o objetivo de agilizar a troca e acesso a informações que servirão de base à inovação”. “Para começar, talvez seja preciso uma reestruturação organizacional para a criação de áreas que abriguem pessoas dedicadas, em tempo integral, às atividades de P&D e inovação. E, claro, alocação de recursos financeiros, pois treinamento custa caro, para testes e implementação de idéias alternativas, disse o executivo”. Além disso, continua Rogelio, “muito foco na área de RH para promover treinamentos, captação interna e externa de talentos, políticas de recompensa e planos de carreira dedicados à inovação. Por outro lado, também é importante detectar dentro das empresas quais são os processos internos que impedem idéias criativas e inovadoras para que possam fazer parte da rotina e cultura da empresa”. O problema que se aproxima é mais uma pedra no caminho da indústria automotiva, que terá de se enquadrar à legislação do Proconve Euro V, já em 2012. As novas normas que serão implantadas aumentarão significativamente os custos de produção e, conseqüentemente, o valor de tabela dos carros. Além disso, o setor enfrenta a concorrência dos automóveis importados que começa a crescer de forma exponencial e perturbar a indústria local.

Também é possível visualizar na galeria de fotos a taxa de crescimento dos veículos nacionais chegou em 13,9% em março deste ano, contra um crescimento da ordem de 43,1% na comercialização dos importados. A conclusão é que a situação da indústria automobilística nacional que envolve, também, as auto-peças, sistemistas e pequenos fabricantes, estes, sem tecnologia e capacidade de investimento para o desenvolvimento das encomendas das montadoras, começa a gerar preocupação na cadeia produtiva. Engenheiros bem formados, isto é, estudo; criatividade; especialmente na criação de softs, a base para a tecnologia embarcada; apoio do governo na redução de impostos e taxas, e competitividade, obtida através de processos inovadores, farão a diferença no futuro, se o Brasil realmente quiser se firmar no cenário mundial de fabricantes de automóveis, comerciais leves e caminhões. Para fechar, é alarmante o desnível em que se encontra a balança comercial do setor automotivo brasileiro cujo saldo positivo, em 2006, foi de 6.673 bilhões de dólares e fechou o ano de 2010 com saldo negativo da ordem de -7.506 bilhões de dólares. Só isso explica tudo.

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