segunda-feira, 19 de maio de 2014

24 horas de Le Mans: Dez momentos mágicos


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 Por Porsche Latin America, Inc.

A contagem regressiva para o retorno da Porsche na principal categoria da corrida de 24 horas de Le Mans com o 919 Hybrid termina nos dias 14 e 15 de junho. O recorde de 16 vitórias na classificação geral no que é considerada provavelmente a corrida mais difícil do mundo continua sem ser superado. Mesmo assim, a Porsche não pode confiar no seu passado bem sucedido, uma vez que o protótipo, com seus dois sistemas de energia inovadores, é um território completamente novo. Entretanto, a corrida de Le Mans não diz respeito apenas à tecnologia. Lembranças como as dez que se encontram abaixo destacam quão difícil é vencer esta maratona.

Jacky Ickx
(Data de nascimento: 01/01/1945 em Bruxelas, Bélgica, quatro vitórias gerais com a Porsche, seis no total):
“Em 1977, depois de três horas, estávamos achando que havíamos perdido a corrida. Meu 936 havia enguiçado e me uni a Jürgen Barth e Hurley Haywood, mas eles também estavam tendo problemas. Estávamos em 42º lugar. Ainda tenho dificuldades em compreender o que aconteceu depois disso. Eu estava em um estado eufórico. Dirigi a noite toda em velocidade máxima, sempre no limite, na chuva e na neblina. Eu estava indo cada vez mais rápido: 42º, 35º, 28º, 20º, nono, sexto, quinto. Todos estávamos acreditando que iríamos conquistar algo inimaginável. Jürgen e Hurley dirigiram mais rápido do que nunca, e os mecânicos fizeram um trabalho esplêndido. Eu não estava me sentido nem um pouco cansado. Depois disso, assumimos a liderança. No domingo de manhã, eu estava completamente esgotado. No final, Jürgen carregou o 936 através da linha de chegada com apenas cinco cilindros. Eu não conseguiria ter feito isso. Há muitas ótimas estórias sobre muitas corridas, mas a de 1977 se destaca. Isso foi uma coisa que só acontece uma vez na vida. Corridas como essa fizeram com que a Porsche se tornasse legendária”.

Hans Herrmann
(Data de nascimento: 23/02/1928 em Stuttgart, Alemanha, campeão geral com a Porsche em 1970):
“Eu havia perdido para o Jacky Ickx em 1969, depois de termos passado a última hora e meia ultrapassando um ao outro várias vezes em cada volta. Em 1970, Ferdinand Piëch garantiu termos uma boa chance de vencermos com um motor mais potente. Conseguir vencer apenas um ano depois de ter perdido por apenas um fio de cabelo foi, é claro, muito especial. Ela também foi a primeira vitória geral da Porsche e minha última corrida. Anunciei minha aposentadoria do automobilismo depois disso, pois eu havia prometido à minha esposa que o faria. Ela havia começado a pressionar-me a fazê-lo um ou dois anos antes, devido ao grande número de amigos que havíamos perdido. Eu também sabia que não era possível ter toda a sorte do mundo, e que minha sorte poderia acabar em qualquer momento. Foi muito comovente que todos esses fatores se combinaram em 1970. Não me lembro se chorei ou não. É possível que sim. Foi muito emocionante”.

Richard Attwood
(Data de nascimento: 04/04/1940 em Wolverhampton, Reino Unido, campeão geral com a Porsche em 1970): “Vencemos em circunstâncias estranhas. Em fevereiro, Helmuth Bott, que era naquela época diretor de desenvolvimento, me perguntou que carro eu queria usar para a corrida de 24 horas de Le Mans. Eu disse a ele três coisas: primeiro, que eu queria o carro com motor de 4,5 litros e 12 cilindros em vez do de cinco litros que, na minha opinião, era menos confiável. Segundo, eu queria a versão ‘Kurzheck’ (cauda curta) do 917 porque a versão de cauda longa era muito irrequieta. Terceiro, eu queria que Hans Herrmann fosse meu parceiro, porque ele sabia em que ritmo andar para poder completar a corrida longa. Eles me deram tudo o que pedi, e então saímos na 15ª posição. Naquele momento, eu pensei que havia cometido o pior erro da minha vida. Não tínhamos nenhuma chance contra os motores de cinco litros. Não éramos suficientemente competitivos e nossa única esperança era que os carros à nossa frente tivessem problemas. E é exatamente isso que aconteceu”.

Peter Falk
(Data de nascimento: 27/11/1932 em Atenas, Grécia, Diretor de Corrida da Porsche em sete vitórias gerais):
“Queríamos inscrever três carros na corrida de Le Mans em 1987, como sempre, e havíamos montado um quarto 962 de reserva. Naquela época, era costumeiro que os pilotos fizessem o test drive de todos os carros em Weissach antes de viajar para a França. Hans-Joachim Stuck danificou um dos carros de maneira irreparável durante esse processo, e assim, tínhamos apenas três, e foi isso que levamos para Le Mans. Em um das sessões de treino livre, Price Cobb sofreu um grave acidente com seu carro, e então tínhamos só dois. Começamos a corrida com esses dois carros. Depois de apenas uma hora, Jochen Mass veio à área de pit-stop. O motor estava morto, eu acho que um pistão havia queimado. Então só tínhamos um carro… Ainda tínhamos 23 horas pela frente, quase que a corrida inteira, e contávamos com apenas um jogador em campo, o 962 pilotado por Stuck, Derek Bell e Al Holbert. A situação era extremamente exaustiva e emocionante tanto para mim, na função de diretor de corrida, como para toda a equipe: o que aconteceria com aquele único carro que havia sobrado? Ele foi bem, e vencemos”.

Norbert Singer
(Data de nascimento: 16/11/1939 em Eger, Sudetenlândia, diretor de projeto em nove vitórias na classificação geral): “Comemorar no pódio é um momento muito especial. Eu estava me sentido cauteloso antes de indicar a corrida de 1982. O 956 era um carro completamente novo. Você não pode começar toda corrida dizendo “Viva! Vamos vencer!” Você precisa ver como as coisas estão se encaminhando: enfrentar 24 horas de corrida não é uma tarefa fácil. A vitória foi perfeita e até mesmo um pouco surpreendente. Havíamos levado nosso trabalho muito a sério. Alguns anos antes havíamos cometido um erro. Em 1979, Ernst Fuhrmann ainda estava na Porsche e ele havia dito a nós, os engenheiros: ‘O que vocês acham de tentarmos disputar a corrida de Le Mans neste ano? Quase não temos concorrentes’. Basicamente, precisávamos apenas aparecer e a vitória era nossa. E o que aconteceu? Não conseguimos nem chegar à linha de chegada com nenhum dos dois carros, perdemos mesmo sem ter concorrentes. Você também pode tropeçar sozinho. Tendo passado por isso, eu curti muito a vitória de 1982. O 956 foi direto para o museu; é o carro que está pendurado no teto”.

Gijs van Lennep
(Data de nascimento: 16/03/1942 em Bloemendaal, Holanda, vencedor com a Porsche em 1971 e 1976): “Minha primeira vitória foi, é claro, inesquecível. Helmut Marko e eu estávamos dirigindo um Porsche 917 Kurzheck (cauda curta). Descobrimos apenas mais tarde que ele tinha uma estrutura tubular feita de magnésio superleve. Eles não queriam que ficássemos nervosos. Le Mans é especial e emocionante. Uma vitória lá não se compara com nada. Entretanto, mais que a vitória, outra imagem de 1971 está gravada indelevelmente na minha memória. Ainda posso ver essa imagem, mesmo agora. Era noite e eu estava dirigindo na reta de Mulsanne a mais de 350 km/h, e vi um incêndio. Havia combustível na pista. Por sorte minha, um dos carros em chamas de uma das categorias inferiores já havia parado na beirada da pista, e felizmente naquele momento eu não estava tentando ultrapassar outro carro. Eu vi as bandeiras amarelas e dirigi pelo acidente muito lentamente”.

Manfred Jantke
(Data de nascimento: 02/10/1938 em Oppeln, Alemanha, Diretor da Porsche Sports e RP de 1972 a 1991):
“A região de Sarthe é geralmente caracterizada por um ritmo de vida lento, mas, uma vez por ano, os carros mais rápidos do mundo vêm visitá-la. A velocidade é a rainha da parada, trazendo emoção, barulho e perigo. Na função de diretor de corrida, eu frequentemente tive que acordar os pilotos para fazerem seus turnos ao volante. Foram momentos especiais, e havia muitas diferenças entre eles. O piloto fisicamente mais forte era Jochen Mass. Ele nunca se cansava e quase nunca precisava de uma soneca. Jacky Ickx estava sempre imediatamente alerta quando você o acordava, mas alguns dos pilotos mal podiam lidar com as exigências de ser acordado de um sono profundo causado pela exaustão. Eles apenas terminavam de acordar logo antes de sentarem-se ao volante. Além disso, naqueles dias, os carros eram extremamente barulhentos. Devia ser como se eles fossem do paraíso direto para uma máquina infernal”.

Jürgen Barth
(Data de nascimento: 10/12/1947 em Thum, Alemanha, vencedor com a Porsche em 1977):
“Uma das minhas obrigações era cuidar das equipes de clientes, e eu era responsável pela organização de coisas como acomodações, refeições, ingressos e coisas assim. Ao mesmo tempo, eu também era piloto-reserva, e havia sempre torcido para ter uma oportunidade de dirigir, como aconteceu em 1982: Hurley Haywood, que estava compartilhando um 956 com Al Holbert, precisou sair da corrida por problemas estomacais. Seu estômago era seu calcanhar de Aquiles. Eu fui avisado perto das onze da noite, e vesti meu macacão imediatamente. Meus colegas brincaram comigo, dizendo que eu havia colocado algo na comida do Hurley para que eu pudesse dirigir. É claro que isso era bobagem. No carro, meu entusiasmo diminuiu um pouco porque não me passou despercebido o fato de que tanto o Hurley como o Al tinham quadris mais estreitos do que os meus. Meus quadris apenas cabiam de lado no banco; eu ficava constantemente mudando de um lado para outro. Chegamos em terceiro lugar. No começo eu não tinha ideia alguma do que estava prestes a participar. No domingo, eu estava no pódio”.

Rudi Lins
(Data de nascimento: 28/06/1944 em Bludenz, Áustria, piloto de corridas da Porsche entre 1964 e 1971):
“Eu dirigi em três ocasiões na corrida de Le Mans, mas 1970 é o ano que ficou mais gravado em minha memória. Juntamente com Helmut Marko, vencemos as categorias de protótipo e índice energético, e chegamos em terceiro lugar geral com o Porsche 908. Naquela noite choveu a cântaros. Chuva, chuva, chuva por horas. Ninguém que não tenha passado por isso consegue imaginar o que isso significa para um piloto em Le Mans. Se você quer ultrapassar um carro, primeiro você precisa entrar no jato d’água. Você não consegue enxergar nada, e não tem ideia do que está por trás do jato d’água. Um carro? Dois? Hans Herrmann e eu dirigimos juntos à noite por algum tempo. Isso foi bom, porque ele sabia quem estava ao nosso redor. Para Helmut Marko e eu, havia também o fato de que nosso carro tinha cockpit aberto. No final de uma curva estávamos completamente encharcados, se não de suor, então de chuva. Eu era apenas um jovem de 25 anos”.

Hans-Joachim Stuck
(Data de nascimento: 01/01/1951 em Garmisch-Partenkirchen, Alemanha, vencedor com a Porsche em 1986 e 1987): “Meu momento de Le Mans durou três minutos e 14,8 segundos. Pole position com o Porsche 962 C, uma volta perfeita. E porque a reta de Mulsanne foi posteriormente amansada com o acréscimo de chicanes, ele provavelmente será um recorde perpétuo. O 962 é o melhor carro de corrida que eu já dirigi. Força bruta e efeito-solo inacreditáveis; as forças centrífugas eram enormes e não havia direção hidráulica. Você precisa ter a força de um urso e muita coragem. Eu só pude fazer uma rodada devido aos pneus. Largada, curva de Dunlop, vira à esquerda, vira à direita pela Esses. Na Tertre Rouge eu estava ultrapassando todos os limites de tração, mas a curva é tão importante para sua velocidade na reta de Mulsanne, e está corretíssimo. Cinquenta segundos afundando o pé no acelerador, depois frear quando está a 360 km/h para entrar na curva de Mulsanne e então voltar a acelerar assim que possível. Curvas de Indianápolis, Arnage, Porsche, Maison Blanche, chicane de Ford e acabou. Nesses três minutos minha concentração estava afiadíssima. Éramos apenas eu e aquele Porsche em Le Mans”.

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