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Por Wladimir Dias
Em uma conversa com amigos e
clientes surgiu um tema polêmico, onde alguns diziam que carro antigo era para
ser usado aos fins de semana para dar uma voltinha no quarteirão e outros
diziam que era possível seu uso diário; foi aí que o Engº Wladimir, responsável
pela 12VoltBoost, teve a idéia de customizar um veículo antigo para uso diário
e confrontar os que teimavam que carro antigo era simplesmente “decoração de
garagem”.
Da paixão por sua primeira
pick-up, uma Ford F-150 V8 1994 Preta, veio a inspiração, o antigo precisava
ser uma pick-up da Ford com carroceria preta; à partir daí foram definidas 03
metas para o projeto:
(1) veículo para uso no
dia-a-dia, que suporte o trânsito da cidade de São Paulo.
(2) ter ergonomia e conforto
de um carro de passeio e não de um utilitário da década de 60/70.
(3) apresentar um visual
diferente, para chamar a atenção.
(1) Para ser um carro do
dia-a-dia precisaria ter um motor confiável e econômico, optou-se pelo motor
4cilindros 2,3L ao invés do 8 cilindros em “V”. Então foi adquirida uma F-100
1979 original de fábrica com o motor 2.3 OHC; mas seu câmbio e relação de
diferencial originais visavam a “força” para carregar peso na caçamba; foi
providenciada a troca por um conjunto do Maverick 4cc GT que era voltado mais para
velocidade ao invés da força.
Para funcionar como novo,
todo o conjunto mecânico foi retificado e teve suas peças substituídas por
novas, adicionado o sistema de ignição eletrônica ao invés do platinado,
carburador de corpo-duplo, já o radiador foi reconstruído com colméia de maior
eficiência e com o dobro de espessura, embreagem nova, substuição dos
rolamentos de rodas, freios, etc.
Mas só isso não bastava, pois
outra parte do veículo que pode causar uma pane, deixando-o no meio da rua e
frustando o proprietário, é o sistema elétrico; mas esta era a parte mais
fácil, já que é a especialidade de empresa de Wladimir, a 12VoltBoost; todo o
sistema elétrico foi substituído por um novo, com caixa de fusíveis em alumínio
e chicote de fios novos, que estão escondidos no cofre do motor.
(2) Quem já dirigiu um
utilitário da década de 60/70 sabe que ergonomia e conforto, comparados com as
dos carros atuais está muito longe do ideal, por isso o banco inteiriço de
molas foi substituído por bancos individuais reclináveis com espuma moderna,
que além do trilho convencional possuem uma regulagem de altura e inclinação.
Como o câmbio foi trocado pelo do Maverick devido ao seu menor curso de
alavanca, teve sua haste inclinada, assim o motorista não precisa mais tirar as
costas do encosto do banco para engatar as marchas à frente.
Outra característica negativa
desses utilitários era a caixa de direção mecânica, que precisava de quase 9
pesadas voltas no volante de batente-a-batente, que foi substituída por uma
moderna com assistência hidráulica e melhor relação, com pouco mais que 3
voltas de batente-a-batente. Mais ítens de conforto também foram adicionados:
vidros-elétricos, travas elétricas, sistema de som mp3 e alarme por controle
remoto.
Para melhorar a rolagem da
carroceria foi necessário baixar o centro de gravidade(CG) do veículo, e para
isso a geometria da suspensão foi retrabalhada, baixando em mais de 10cm o
veículo; mas utilizando as molas e os amortecedores originais que foram
trocados por novos, pois a F-100 já era macia, e o conforto era uma das
premissas do projeto. Tudo isso aliado com a troca dos pneus que originalmente
eram de uso misto (terra/asfalto) por pneus largos de performance,
transformaram totalmente o comportamento dinâmico da pick-up, principalmente
nas curvas.
(3) Para o visual, a idéia
foi chamar a atenção no estilo “clean” e não apelar por vários itens cromados,
como de costume nos carros antigos; para isso foi empregada a grade dianteira
da F-100 1967 Americana, pintada com um tom grafite, recebeu faróis com lente
fumê e setas com iluminação com tecnologia LED, outra especialidade da
12VoltBoost.
Na parte traseira, a caçamba
teve sua tampa traseira modificada, o pára-choque original foi trocado pelo
modelo roll-pan e instalada uma capota marítima totalmente lisa.
O revestimento dos bancos e
laterais de portas foram feitos sob medida, em couro caramelo com desenho
inspirado nos bancos do Mustang da
década de 60, que aliados ao volante em alumínio e puxadores dos interruptores
do painel da GasolineShop completam a receita de um acabamento simples e
bonito.
Mas todo carro antigo precisa
chamar a atenção também pelo ronco do motor, e apesar do motor ser um 4
cilindros, o som metálico vindo do abafador não deixa nada a desejar.
Toda a reforma levou
exatamente 01 ano, o que para muitos é um tempo record. Mas após a conclusão
dos serviços executados na F-100, ela foi encaminhada a um centro de inspeção
veicular do Detran, homologado pelo Inmetro, onde foi submetida e aprovada em
diversos testes, dentre eles: dinamômetro de suspensão, dinamômetro de freio e
emissão de poluentes (resolução Conama).
Após alguns meses de uso, o
Engº Wladimir vendeu a GM Blazer V6 que utilizava diariamente e só utiliza a
F-100 como seu carro, tanto para viagens como para o dia-a-dia; inclusive já
rodou mais de 6.000 Km após o término da restauração.
Curiosidade:
Motor Ford 2.3 OHC (Lima,
Lima In-Line, LL23, também conhecido como Georgia) foi projetado inicialmente
na Europa para equipar os Ford Taunus, Cortina, Capri, Sierra, Granada, Scorpio
e outros. Em 1974 foi lançada a versão
2.3L (2302cc) do motor que inicialmente foi fabricado na planta de motores Ford
Lima (Lima, Ohio, EUA) e posteriormente na planta de motores Ford Taubaté (Taubaté,
SP, Brasil).
Além dos veículos da Ford do
Brasil, este motor também equipou nos EUA os Ford Mustang e Thunderbird com a
adição de um turbocompressor, como por exemplo, a edição limitada Mustang 1979
Indy Pace Car, uma das estratégias da Ford em decorrência da crise do petróleo.
Este motor equipou veículos
até o ano 1989 na versão 2.3L, mas modificado para 2.5L e com um novo cabeçote
equipou as Ford Ranger até o fim da década de 90, quando foi substituído pela
nova geração de motores “Duratec” com bloco de alumínio.
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