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A busca por eficiência energética na Shell Eco-marathon Brasil 2025 começa muito antes da largada. Nesta edição, a escolha dos materiais utilizados na estrutura dos veículos chama atenção pela criatividade e pela responsabilidade ambiental. Equipes universitárias de diferentes regiões do país estão recorrendo a alternativas recicláveis e reaproveitadas, como tampinhas de garrafa PET, tubos de PVC, fibras naturais e resíduos industriais, para construir carros cada vez mais leves, eficientes e sustentáveis, sem abrir mão do desempenho técnico exigido pela competição acadêmica.
Entre os exemplos estão as equipes Capivara, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), e Milhas Gerais, da Universidade Federal de São João del Rei (MG), que incorporaram materiais alternativos em seus protótipos, explorando diferentes formas de reaproveitamento para reduzir peso e impacto ambiental.
Na oficina da equipe Capivara, o reaproveitamento virou parte essencial da estratégia. A base do carro foi construída com sobras de fibra de vidro, enquanto partes metálicas do protótipo vieram de pontos de descarte. Até tubos de PVC, usados em suportes estruturais, foram recuperados de obras.
“A gente montou praticamente tudo com material reaproveitado. PVC, fibra de vidro, pedaços de metal, todos recolhidos da rua. Até o retrovisor veio de uma moto desmontada. Transformamos tudo com muito cuidado”, conta João Albuquerque, integrante da equipe, participante da competição pela segunda vez.
Em 2024, a Capivara já havia inovado com estruturas feitas a partir de materiais descartados da construção civil. Segundo João, não foi apenas uma solução momentânea, mas se consolidou como parte da identidade do grupo. “Foi uma solução criativa, mas também virou nosso jeito de pensar: reaproveitar e inovar com o que temos”, resume o estudante.
Também mineira, a equipe Milhas Gerais apostou em uma solução original para o assoalho do carro: tampinhas de garrafa PET trituradas e moldadas. O resultado surpreendeu pela resistência, leveza e 100% de reciclabilidade.
“A ideia surgiu numa conversa entre a equipe na oficina. Já tínhamos juntado bastante tampinha na faculdade, e aí testamos. Deu super certo”, explica Taynara Marcelino, capitã e integrante da equipe há quatro anos. Antes das tampinhas, o time já havia experimentado uma resina à base de mamona, desenvolvida em parceria com professores da universidade.
A inovação não é novidade para o grupo, que acumula experiências ousadas. Em uma edição anterior, por exemplo, o time produziu a carenagem com pastas plásticas escolares. “Pintamos, montamos e ficou ótimo”, lembra Taynara.
Engenharia que pensa leve, anda longe
Mais do que cruzar a linha de chegada, o objetivo é provar que criatividade, sustentabilidade e eficiência podem andar juntas. Para Norman Koch, diretor global da Shell Eco-marathon, a competição é também uma vitrine de pesquisa aplicada e inovação tecnológica.
“A Shell Eco-marathon é também uma plataforma tecnológica. Vemos muita pesquisa em materiais compósitos — nem todas as carrocerias são de fibra de vidro ou de carbono. O problema da fibra de carbono é que não é reciclável. Já os componentes biodegradáveis podem não ter exatamente as mesmas propriedades, mas são orgânicos e sustentáveis. Há bastante pesquisa e desenvolvimento em fibras naturais, como bambu, resinas biodegradáveis e materiais orgânicos. Já tivemos carros feitos de bambu, de fibras alternativas e até com uso criativo de itens como tampinhas de garrafa “, explica Norman.
Norman ainda sinaliza que a impressão 3D também ganha força entre as equipes e é uma inovação que não só oferece alternativas no uso de materiais, mas também agilidade e eficiência. "A impressão 3D tem duas grandes vantagens: você pode projetar uma peça exatamente como quiser — mais leve, menor, mais precisa — e imprimir ali mesmo. Além disso, elimina a necessidade de carregar toneladas de peças de reposição. Muitos times já levam a impressora com eles e, se algo quebra, imprimem a peça na hora. Isso é custo, sustentabilidade, logística e peso”, complementa.
E, para quem está na linha de frente, o aprendizado vai além da técnica. “No fim das contas, o que mais motiva é ver que dá para fazer diferente. Que dá para pensar em engenharia com menos impacto e mais consciência”, completa Taynara.
Edelman SP
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