Por Milton Corrêa da Costa
Num período de quase quatro anos
os conflitos na Síria resultaram, até aqui, na morte de 202.354 pessoas. A
epidemia permanente, na barbárie do trânsito brasileiro, pela imprudência em
rodovias e vias urbanaS, produziu, nos últimos cinco anos, uma média de 45 mil
vítimas fatais/ ano. Ou seja: mais óbitos do que na guerra da Síria.
Segundo a ABRAMET, no ano de 2012,
a violência no trânsito ceifou a vida de 44 mil pessoas no Brasil, o que
representa, em média, 122 óbitos/dia. O Denatran, por sua vez, revela que
chegou a 46 mil o número total de óbitos naquele mesmo ano. Conforme a ABRAMET seis
de cada dez leitos nas UTIs dos hospitais brasileiros são ocupados por vítimas
de acidentes de trânsito. Foram gastos, no ano de 2012, o montante de R4 216
milhões com a internação das vítimas.
Por sua vez, segundo dados do
DPVAT, cresceu 25%, em 2013, o número de indenizações pagas em acidentes de
trajeto, em relação ao ano anterior. As indenizações totalizaram R$ 3,2
bilhões, num universo de 633.845, sendo 70% por casos de invalidez, onde 71%
das ocorrências envolveram acidentes com motos. Ou seja, a guerra do trânsito
brasileiro vem produzindo progressivamente uma legião de inválidos, numa faixa
etária de maior incidência entre 18 e 34 anos.
Na cidade do Rio de Janeiro, em
2012, ocorreram 15 mortes no trânsito para cada grupo de 100 mil habitantes,
segundo dados do Ministério da Saúde. É a mais alta entre 23 metrópoles
internacionais Em Londres e N. York ocorrem de 2 a 3 óbitos por igual grupo de
habitantes. A velocidade máxima de deslocamento, na cidade de N. York, passou
recentemente para 40km/k. A finalidade é chegar a zero/mortes no trânsito, no
ano de 2024.
Para estudiosos em segurança de
trânsito as chances de um pedestre morrer, vítima de acidente, em razão da
velocidade e da força do impacto assim se resume: 40 km/h a chance de óbito é
de 25%; a 60 km/h, 55%; a 80 km/h a chance aumenta para 85%.
Ressalte-se que na cidade do Rio
de Janeiro foram registradas, em 2013, 1.554.538 infrações por excesso de
velocidade. Comemore-se, todavia, com o advento da Operação Lei Seca, a redução
de 44% do número de mortes no trânsito no âmbito do Estado do Rio de Janeiro,
no ano de 2013, onde foram registrados 1.692 óbitos, contra 3.047 do ano
anterior.
Conclusão: boa parte de motoristas
brasileiros, no entendimento de que 90% dos acidentes têm por causa a falha
humana, continuam tendo o perfil de imprudência, deseducação, estresse e
desafio ao perigo. Há uma compulsão incontrolável para transgredir normas de
trânsito. Lamentavelmente continuamos sendo o campeão mundial da barbárie e da
insensatez ao volante.
Milton Corrêa da Costa é tenente
coronel reformado da PM do Rio de Janeiro e articulista da ABETRAN (Associação
Brasileira de Educação de Trânsito)
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