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Texto: Antônio Meira Jr e
Gustavo Acioli. Fotos: Eugeniusz Kowalski
Abordo de duas picapes Duster
Oroch, que criou um segmento no Brasil, três aventureiros saíram da fábrica da
Renault em São José dos Pinhais (PR) em uma aventura de 30 dias que vai passar
por sete países e percorrer mais de 11 mil quilômetros rumo à Colômbia.
A expedição é capitaneada pelos
jornalistas Antonio Meira Jr. e Gustavo Acioli, além do fotógrado Eugeniusz
Kowalski. Durante o trajeto, se juntarão à expedição outros jornalistas de
diferentes países da América do Sul. A equipe de jornalistas vai registrar
todos os detalhes da aventura pelos sete países com fotos, vídeos e textos e
publicar nos canais sociais da Renault durante a viagem.
15º, 16° e 17º Dias - Cruzando o fantástico e louco Peru
Desde que saímos de Curitiba
passamos pelo Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e também pelo Chile. É possível
perceber diversas mudanças sociais, mas elas são tão orgânicas que não chegam a
surpreender. Contudo, basta chegar ao Peru para perceber que aqui o esquema é
outro.
A descendência dos inúmeros povos
indígenas marca a etnia que é bem homogênea por aqui. Em nossa jornada, a
primeira parada é em Arequipa, uma grande e interessante cidade: belas praças,
com palácios, igrejas e muito riqueza arquitetônica. O centro histórico de
Arequipa é uma verdadeira joia do colonialismo espanhol. O entorno e
periferias, contudo, são a mesma loucura peruana de sempre: trânsito caótico,
pedestres por todo o lado... é tudo tão diferente que se torna engraçado.
De Arequipa seguimos em direção ao
norte. Passamos por trechos incríveis da Via Panamericana que no Peru ela é
chamada de Carretera 1. Costeamos o Pacífico, cruzamos desertos, montanhas.
Passamos por centenas de ruinas históricas, pelas mundialmente famosas linhas de
Nazca, cruzamos cidades que já estavam ali antes mesmos dos europeus chegarem,
e atravessamos a região que produz Pisco, a famosa bebida peruana.
Após dois dias de viagem, chegamos
a Lima, a capital deste incrível país. Lima é bem grande, tem cerca de nove
milhões de habitantes. Possui seu lado moderno, bem ocidental e contemporâneo,
como os bairros de Miraflores e San Isidro, cheios de ruas agradáveis,
shoppings, lojinhas nas ruas, cafés… Lima tem também cerca de duas mil favelas
e os maiores índices de poluição do continente. Uma névoa cinza paira
constantemente na cidade.
Lima é pura contradição. Riqueza e
miséria. O centro histórico, por exemplo, é belíssimo, num nível equivalente ao
das belas cidades europeias e capaz de satisfazer o mais exigente viajante. É
repleto de monumentos e museus lindíssimos. Vale realmente a visita.
A capital ficou para trás e
voltamos a encarar o interior peruano, cruzando regiões secas, subindo em
direção ao Norte. Nesta altura, o frio já desapareceu completamente. Estamos,
em termos de latitude, na mesma faixa do estado do Acre. Não vimos ainda sinal
de florestas, o verde ainda é tímido. Paramos em Trujillo, visitamos as ruínas
de Chan Chan, uma antiga cidade de mais de 600 anos que abrigou mais de 50 mil
pessoas e foi sede do reino de Chimu, um dos mais poderosos do Continente,
porém menos famosos que os Incas, Maias e Astecas.
O Peru é de fato um país curioso,
tudo é completamente informal: ao ponto de termos de ir em busca da casa do
carteiro para conseguir receber um documento enviado pela FedEx. O episódio
ocorreu em Talara, no extremo norte peruano. Continuamos subindo, agora o
próximo destino é o Equador. Já rodamos quase nove mil quilômetros. Lá vamos
nós!
18º, 19° e 20º Dias - Belas praias, montanhas, neblina e
terremotos: Oroch Expedition chega ao Equador
Uma das últimas grandes cidades do
litoral norte peruano, Talara é nossa base para percorrer o trecho mais longo
de toda a Oroch Expedition. Vamos a
Quito, capital do Equador, distante cerca de 800 quilômetros de nosso ponto de
partida. Teremos uma longa jornada pela frente, com direito a uma grande
quantidade de cenários, como praias, selva, montanhas e pequenas cidades.
De Talara até a fronteira com o
Equador são cerca de 240 quilômetros. O trajeto é bem tranquilo e bonito. Esse
trecho tem jeitão de nordeste brasileiro. São muitas praias bonitas e
interessantes e alguns coqueiros. Algumas praias como Punta Sal, são famosas
pelas grandes ondas, que atraem surfistas de todo o mundo.
O visual também é muito agradável,
pequenos vilarejos, bons hotéis e pousadinhas dão o tom dos últimos quilômetros
do Peru, um país repleto de contrastes e de particularidades únicas. A
fronteira com o Equador é bem organizada. Os dois países dividem o mesmo espaço
físico. Tudo é muito simples e rápido. Em instantes os passaportes são
carimbados, carros autorizados e pé na estrada.
Assim que deixamos o Peru e
entramos no Equador tudo ganha contornos diferentes. A aridez peruana cede
lugar à uma natureza exuberante, verde e repleta de belas fazendas de gado e
principalmente plantações de banana. A desorganização também é substituída por
um bom sistema de vias, com excelente sinalização e ótima infraestrutura.
Vale lembrar que, em abril deste
ano, o sul do Equador sofreu um forte terremoto de 7.8 graus na Escala Richter.
O tremor produziu muita destruição e causou a morte de mais de seis mil
pessoas. Podemos presenciar alguns rastros da passagem do terremoto, como
desmoronamentos ao lado da pista e pontes destruídas. Por conta disso, tivemos
de pegar alguns desvios de estradas de terra.
Como se não bastasse, nossa
passagem pelo sul equatoriano também enfrentou grandes altitudes (chegamos a
quase 4 mil metros de altitude), trechos de muita neblina, chuva e altíssimo
tráfego de caminhões. As estradas sinuosas das serras se tornam ainda mais
perigosas em situações assim. Atenção redobrada. Esse trecho foi bem
desgastante e cansativo. O trânsito pesado deixou os 800 quilômetros de nossa
jornada ainda mais longos. Nossas Oroch foram boas companheiras. Vale destaque
aqui para o excelente jogo de faróis da picape, esse ponto merece pontos
positivos. Tanto a luz baixa, quanto a alta e a luz de neblina superam as
expectativas, deixando a viagem bem mais segura.
Chegamos tarde em Quito:
precisamente uma da manhã. Exaustos de tanta estrada, mal deitamos no hotel e
somos surpreendidos por um longo e forte terremoto. Deu uma baita sacudida no
prédio, mas o cansaço foi maior que o susto e dormimos assim mesmo.
Pela manhã, soubemos que o tremor
foi de 6.8 graus. Este foi o terremoto mais forte desde o grande abalo sísmico
de abril. Por sorte, não houve mortes. Ainda assim, dez pessoas ficaram
feriadas. Nos preparando para deixar o hotel, novamente a terra voltou a tremer.
Desta vez a balançada foi rápida, poucos segundos, mas foi mais forte do que o
tremor da madrugada: 7.1 graus. As ruas ficaram cheias de pessoas em busca de
áreas seguras.
A saída de Quito foi tensa,
confusa. Passamos para buscar os jornalistas Antônio Carlos Silva, apresentador
do programa Carros e Motores, da Rede Massa (SBT, Paraná), e Gabriel Aguiar,
repórter da revista Autoesporte, que passaram a integrar a Oroch Expedition a
partir de Quito. A dupla vai acompanhar nosso grupo até o fim da expedição, em
Bogotá, na Colômbia.
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