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Por Milton Corrêa da Costa*
Assim como os locais autorizados para uso do cigarro estão cada vez mais restritos aos fumantes -uma recente lei no Distrito Federal proíbe agora fumar no interior de veículos particulares e táxis- o uso do automóvel particular, inevitavelmente, estará também limitado no futuro. Uma nova lei , que trata da mobilidade e priorização do transporte público, entrou em vigor recentemente no país autorizando a cobrança do pedágio urbano a carros particulares e ameaça, fundamentalmente, o futuro da indústria automobilística, que depende do permanente aquecimento do mercado de venda de carros para manter a produção e consequentemente os empregos e sua própria sobrevivência, sem falar no futuro das concessionárias e revendas de veículos.
Como fator adverso à chamada 'Era dos Automóveis' (não há incentivo ainda à produção de veículos menores como no Japão) constata-se a evidente e cristalina saturação das vias públicas nos grandes centros urbanos -não precisa ser mais em horário de pico- onde mais e a mais veículos novos são emplacados diariamente e colocados em circulação em todo o país. A cada dia a velocidade média de deslocamento de veículos, em congestionadas vias urbanas, diminui. O excesso progressivo de veículos (compra-se carro a perder de vista) e o consequente aumento da emissão de gases poluentes, contrasta com a redução dos espaços nas vias de circulação e as grandes obras várias não acompanham tal preocupante cenário.
A última grande obra viária do Rio de Janeiro, por exemplo, a Linha Amarela, que liga a Zona Oeste da cidade à Zona Norte, sem passar pelo Centro, hoje já congestionada com garagalos em horários de rush, se deu em 1997, ou seja há 15 anos passados. De lá pra cá o número de veículos em circulação cresceu progressivamente e o espaço continuou o mesmo. O trânsito de São Paulo – em dias de chuva torrencial o caos é pior- de há muito flui cada vez menos.
A cidade do Rio de Janeiro, que se prepara para o Jogos Olímpicos, com a implantação de novas vias expressas de transporte coletivo e da expansão das linhas de metrô, se mantiver a média de cem mil veículos emplacados anualmente – a frota cresce 5% /ano- terá, até 2016, no ano da Olimpíadas, mais meio milhão de veículos em circulação. A pergunta é saber onde caberão tantos novos veículos em circulação? Registre-se que durante a recente implantação do sistema BRS ( Bus Rapid Service) -um corredor exclusivo de ônibus- na Avenida Rio Branco, no centro do Rio, o tamanho do engarrafamento foi tamanho que decidiu-se conceder, além de duas, mais uma faixa para circulação os coletivos, imprensando táxis e automóveis particulares para as duas outras faixas restantes da importante via de escoamento.
Ressalte-se, que no próprio Rio de Janeiro, onde há incentivo ao uso da bicicleta, com a implantação de ciclovias e ciclo-faixas, como já ocorre em muitas capitais do mundo, descobriu-se que não há bicicletários suficientes. O programa Rio Capital da Bicicleta, com cada vez mais adeptos, conforme recente pesquisa da ONG Transporte Ativo, trouxe por outro lado um fator adverso: o déficit de bicicletários na cidade. Só num dia, no período de 10h e 16 h, a ONG contabilizou 608 bicicletas estacionadas em postes, árvores e grades em ruas da Zona Sul da cidade.
Conclui-se pois que o problema da redução e congestionamento dos espaços urbanos terá que ser enfrentado no presente. A cultura do uso irrestrito do automóvel particular está próxima do fim. No futuro, não muito distante, os locais e horários de circulação serão específicos e restritos aos automóveis. O pedágio urbano, em horários de expediente semanal, será inevitável e a lei autorizando as prefeituras a tomar tal medida foi assinada recentemente pela Presidente Dilma Rousseff.
Isso á apenas o início. Depois do pedágio virá a proibição de circulação em locais e horários específicos. Associado a tais medidas restritivas, o incremento ao transporte de massa ( trem, barca e metrô), com a construção de novas linhas, o transporte solidário com o uso racional do carro particular ( para cada pessoa transportada, o consumo de combustível no automóvel é de cerca de 8 vezes maior do que no ônibus), a mudança com os horários alternativos das diferentes atividades de trabalho e estudantil, evitando a concentração demasiada de veículos em circulação em determinados horários, além da produção de veículos de menor porte, serão medidas inevitáveis a serem progressivamente adotadas.
No futuro o automóvel particular, em vias urbanas, em dias de semana, será um bem móvel de uso restrito, restando-lhe as excepcionalidades emergenciais. Talvez mesmo se torne um meio de transporte voltado para o lazer e uso somente nos domingos e feriados e fora dos horários de pico. O interesse coletivo e o meio ambiente agradecerão em muito. Este é o efeito perverso da maravilhosa invenção do automóvel. As futuras gerações não mais se aproveitarão dele como nós o aproveitamos. Sinal dos novos tempos, onde até dar palmada nos filhos é proibido.
Como fator adverso à chamada 'Era dos Automóveis' (não há incentivo ainda à produção de veículos menores como no Japão) constata-se a evidente e cristalina saturação das vias públicas nos grandes centros urbanos -não precisa ser mais em horário de pico- onde mais e a mais veículos novos são emplacados diariamente e colocados em circulação em todo o país. A cada dia a velocidade média de deslocamento de veículos, em congestionadas vias urbanas, diminui. O excesso progressivo de veículos (compra-se carro a perder de vista) e o consequente aumento da emissão de gases poluentes, contrasta com a redução dos espaços nas vias de circulação e as grandes obras várias não acompanham tal preocupante cenário.
A última grande obra viária do Rio de Janeiro, por exemplo, a Linha Amarela, que liga a Zona Oeste da cidade à Zona Norte, sem passar pelo Centro, hoje já congestionada com garagalos em horários de rush, se deu em 1997, ou seja há 15 anos passados. De lá pra cá o número de veículos em circulação cresceu progressivamente e o espaço continuou o mesmo. O trânsito de São Paulo – em dias de chuva torrencial o caos é pior- de há muito flui cada vez menos.
A cidade do Rio de Janeiro, que se prepara para o Jogos Olímpicos, com a implantação de novas vias expressas de transporte coletivo e da expansão das linhas de metrô, se mantiver a média de cem mil veículos emplacados anualmente – a frota cresce 5% /ano- terá, até 2016, no ano da Olimpíadas, mais meio milhão de veículos em circulação. A pergunta é saber onde caberão tantos novos veículos em circulação? Registre-se que durante a recente implantação do sistema BRS ( Bus Rapid Service) -um corredor exclusivo de ônibus- na Avenida Rio Branco, no centro do Rio, o tamanho do engarrafamento foi tamanho que decidiu-se conceder, além de duas, mais uma faixa para circulação os coletivos, imprensando táxis e automóveis particulares para as duas outras faixas restantes da importante via de escoamento.
Ressalte-se, que no próprio Rio de Janeiro, onde há incentivo ao uso da bicicleta, com a implantação de ciclovias e ciclo-faixas, como já ocorre em muitas capitais do mundo, descobriu-se que não há bicicletários suficientes. O programa Rio Capital da Bicicleta, com cada vez mais adeptos, conforme recente pesquisa da ONG Transporte Ativo, trouxe por outro lado um fator adverso: o déficit de bicicletários na cidade. Só num dia, no período de 10h e 16 h, a ONG contabilizou 608 bicicletas estacionadas em postes, árvores e grades em ruas da Zona Sul da cidade.
Conclui-se pois que o problema da redução e congestionamento dos espaços urbanos terá que ser enfrentado no presente. A cultura do uso irrestrito do automóvel particular está próxima do fim. No futuro, não muito distante, os locais e horários de circulação serão específicos e restritos aos automóveis. O pedágio urbano, em horários de expediente semanal, será inevitável e a lei autorizando as prefeituras a tomar tal medida foi assinada recentemente pela Presidente Dilma Rousseff.
Isso á apenas o início. Depois do pedágio virá a proibição de circulação em locais e horários específicos. Associado a tais medidas restritivas, o incremento ao transporte de massa ( trem, barca e metrô), com a construção de novas linhas, o transporte solidário com o uso racional do carro particular ( para cada pessoa transportada, o consumo de combustível no automóvel é de cerca de 8 vezes maior do que no ônibus), a mudança com os horários alternativos das diferentes atividades de trabalho e estudantil, evitando a concentração demasiada de veículos em circulação em determinados horários, além da produção de veículos de menor porte, serão medidas inevitáveis a serem progressivamente adotadas.
No futuro o automóvel particular, em vias urbanas, em dias de semana, será um bem móvel de uso restrito, restando-lhe as excepcionalidades emergenciais. Talvez mesmo se torne um meio de transporte voltado para o lazer e uso somente nos domingos e feriados e fora dos horários de pico. O interesse coletivo e o meio ambiente agradecerão em muito. Este é o efeito perverso da maravilhosa invenção do automóvel. As futuras gerações não mais se aproveitarão dele como nós o aproveitamos. Sinal dos novos tempos, onde até dar palmada nos filhos é proibido.
*Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro
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