segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mercado de veículo elétrico evoluiu e pode tornar nossas cidades mais inteligentes


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Por *João Carro Aderaldo

O Brasil é hoje uma das nações mais preocupadas com a pegada ambiental, ou seja, o impacto que toda e qualquer ação deixa no planeta.  Ocupa a terceira colocação, atrás de Índia e China, em consumo consciente, segundo a Greendex, que mede e monitora a preocupação dos consumidores com questões relacionadas à sustentabilidade. O resultado expõe uma grande contradição: a intenção de comprar produtos menos agressivos ainda não se traduz em ação, pelo menos no que diz respeito a carros elétricos. Enquanto há somente 70 unidades em circulação em todo o país, a frota motorizada aumentou cerca de 77% nos últimos dez anos nas 12 das principais metrópoles brasileiras.    

Os veículos elétricos são mais econômicos e ambientalmente mais amigáveis do que os tradicionais. Com emissões nulas de gás e de partículas e operação extremamente silenciosa, oferecem uma alternativa promissora para o setor de transportes do futuro. Estudo realizado na Europa apontou que o carro elétrico é mais sustentável que o veículo com motor de melhor desempenho. Sabe-se que os meios de transporte motorizados são hoje responsáveis por quase 25% da demanda mundial de energia e contribuem em igual porcentagem para a emissão de gases de efeito estufa. Esse quadro preocupa ainda mais quando lembramos que a demanda de energia deve dobrar até 2050, enquanto as emissões de dióxido de carbono precisam cair pela metade.

Obviamente, que vários fatores condicionam o sucesso dos veículos elétricos e, no topo da lista, está a infraestrutura de recarga.  A segurança é, talvez, a maior preocupação dos consumidores – é possível carregar os veículos em casa evitando riscos elétricos e outros perigos?  A resposta é sim. A indústria já evoluiu muito e os usuários de veículos elétricos já contam com soluções inovadoras para gestão segura, confiável e rentável da sua energia. Tanto é verdade que a Estônia, um pequeno país báltico com pouco mais de 1 milhão de habitantes, foi o primeiro a implantar uma rede nacional de recarga de carros elétricos. A própria indústria automobilística tem ajudado a alavancar os serviços, promovendo verificação da instalação elétrica da casa dos clientes, assim como fornecimento e montagem do ponto para reabastecimento do veiculo de forma a possibilitar mais segurança e rapidez do carregamento das baterias, tanto em casa quanto no escritório.

O investimento em smart grids também deve beneficiar a expansão do mercado. Em todo o mundo, as redes de energia elétrica estão se tornando mais complexas e menos estáveis. Para equilibrar a oferta e demanda, é preciso tornar essa rede mais inteligente e conectada, o que possibilita gerir de forma mais eficiente a demanda crescente, além de maximizar os benefícios com custo e ambientais. Estima-se que o setor de energia elétrica poderia cortar até 18% do uso de energia e, consequentemente, as emissões de dióxido de carbono até 2030, ao adotar, de forma agressiva, tecnologias mais inteligentes. Eficiência energética é um dos grandes temas da atualidade e deve se tornar ainda mais importante com o crescimento das cidades e o aumento da preocupação com o futuro.

As soluções de smart grid também facilitam a integração dos veículos elétricos, principalmente no que diz respeito a custos, outra preocupação dos consumidores, por permitir que o carregamento ocorra fora dos períodos de pico, otimizando o processo, mitigando a necessidade de estações de energia adicionais e de reforço na capacidade de transmissão e sistema de distribuição para atender a uma carga maior. Assim, também ajudam a minimizar as emissões de CO2 ocorridas na geração de eletricidade.

Para o futuro, especula-se, ainda, que os carros elétricos poderão ser usados como dispositivos de armazenamento de energia para distribuição, isto é, será possível utilizar a energia elétrica disponível na bateria para alimentar o sistema quando necessário ou até para uso no interior da casa ou do escritório. Como ficam estacionados, em média, 95% do tempo, esta seria mais uma alternativa para reduzir os custos do sistema de energia elétrica, bem como os impactos no meio ambiente. Para o sucesso deste segmento, será necessário investir ainda mais na estabilidade do sistema e na diminuição de custos com energia.

Até 2015, cerca de 2,7 milhões de veículos elétricos ganharão as ruas no mundo todo. Espera-se que o Brasil assuma uma posição condizente com a importância que dá para a sustentabilidade. Tudo indica que, além de políticas e incentivos públicos, falta hoje informação ao consumidor, que certamente tem interesse em tornar a mobilidade urbana das nossas metrópoles mais inteligente e sustentável, o que contribuirá significantemente para a qualidade de vida dos seus cidadãos.

*João Carro Aderaldo é vice-presidente da Unidade de Negócios Partner da Schneider Electric do Brasil

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