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Na guerra do trânsito brasileiro, onde em 2012 os dados
oficiais mostram que morreram cerca de 46 mil pessoas, em rodovias e vias
urbanas, sem falar nas que resultaram gravemente feridas, as motocicletas, numa
frota de cerca de 20 milhões de unidades, representam, segundo o seguro
obrigatório DPVAT, 75% das indenizações do trânsito brasileiro em consequência
dos acidentes. Cerca de 40 motociclistas morrem por dia no país. Na cidade do
Rio de Janeiro ocorrem em média 11 acidentes envolvendo motocicletas
diariamente.
A regra básica, sem dúvida, é que quatro rodas são mais
seguras do que duas rodas. Ou seja há uma guerra desigual no trânsito
brasileiro entre ônibus, micro-ônibus, vans, caminhões, caminhonetes, veículos
de passeio contra motocicletas e também bicicletas. É a chamada lei do mais
forte onde numa colisão o motociclista ou ciclista não dispõe das ferragens e
da carroceria e dos air-bags para se proteger. O corredor entre os carros é o
local de maior incidência de acidentes de motos, quando o motorista
repentinamente muda de faixa sem sinalizar.
E o crescimento da violência e do número de acidentes fatais
de trajeto está diretamente ligado ao aumento, nos últimos dez anos, da frota
de motocicletas em ruas e estradas. Isso é fato notório onde a cultura
compulsiva do desrespeito às regras de trânsito e principalmente a imprudência
fazem parte do perfil comportamental da maioria de nossos motoristas e
motociclistas.
Uma motocicleta, numa colisão a 40 km/h, tem 10% do risco de
morte. A 70 km/h chega a 100% de mortalidade. Para Roberto Douglas, da
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), um bom motivo para que
o motociclista conduza com prudência, dentro dos limites, é o fato de que
nenhum capacete vai protegê-lo a partir de certa velocidade.
Na manhã desta quarta-feira, 10/09, uma jovem universitária,
de 20 anos, sem habilitação para conduzir moto, morreu em Santos (SP) após
sofrer uma grave acidente de trânsito num cruzamento Testemunhas afirmam que a
van, que faz transporte coletivo no município, teria avançado o sinal vermelho
e colidido com a motocicleta. O motorista de van afirma que o sinal estava
verde para ele.
É a guerra selvagem e permanente do trânsito brasileiro onde
a imprudência e a insensatez continuam ceifando preciosas vidas. Até quando?
Milton Corrêa da Costa é estudioso e pesquisador em violência urbana
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