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O principal parâmetro de precificação de veículos seminovos do mercado brasileiro é a tabela Fipe. Resultado de pesquisa dos analistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que efetuam o levantamento de dados no mercado em todas as regiões do país, essas cotações podem, entretanto, apresentar largas distorções por fenômenos sazonais, de acordo com uma pesquisa comparativa elaborada pela equipe de Estatísticas da Mobiauto, levando em conta as diferenças regionais de preços dos mesmos veículos.
Start-up do segmento automotivo que mais cresceu em 2022 (130% de aumento de faturamento) e um dos três maiores marketplaces de carros usados do país, a Mobiauto promoveu um levantamento preciosíssimo com os treze principais modelos de SUV´s do mercado nacional, estendendo sua pesquisa para veículos ano-modelo 2022, 2021, 2020 e 2019 e particularizando as variações de preços das cinco Regiões do País. Foram eles: Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Fiat Pulse, Honda WR-V e HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Renault Captur e Duster e Volkswagen Nivus e T-Cross.
No levantamento, a Mobiauto apurou diferenças de dados da tabela Fipe frente aos preços reais desses SUV´s praticados na Região Sudeste. O período de apuração foi fevereiro de 2023 e apontou variações negativas de mais de 7%. Isto é, alguns modelos, hoje, valem efetivamente menos do que aponta a cotação da Fipe. Em sentido inverso, outros modelos chegam a valer até 4% a mais do que o preço “oficial”.
Esse delta de mais de 11 pontos percentuais, no caso dos SUV´s pesquisados na Região Sudeste do país, é incomum, visto que a Fipe costuma ter grande precisão em seus dados. Ocorre que o mercado automotivo tem variado fortemente nos últimos 36 meses. Primeiro foram os aumentos aplicados nos modelos zero km, que puxaram as cotações dos seminovos para o alto. Em seguida, com o retorno do abastecimento de componentes, houve um fenômeno inverso de início de depreciação, que acabou se acentuando com os resultados pífios de vendas no primeiro bimestre do ano. Quando o zero está com as vendas estagnadas, as promoções de vendas do varejo trazem os preços pra baixo e isso impacta diretamente os seminovos. Era isso o que estava ocorrendo.
Quem explica é o especialista automotivo Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto “Só que esse fenômeno não é uniforme e as variações de preços também são consequências de ações de varejo mais ou menos agressivas de determinadas marcas, o que provoca, portanto, mudanças repentinas nas cotações e uma certa dificuldade em monitorá-las instantaneamente. Como a Mobiauto acompanha esses preços diariamente, temos condições de mapeá-los de imediato”.
E onde a Fipe entra nessa história? Por realizar uma pesquisa em todo o país e apurar preços de diversos outros bens de consumo – não só de automóveis seminovos e usados –, a instituição não tem condições de acompanhar a velocidade de variação em razão desse histórico recente de sobe-e-desce dos preços.
Após mapear os preços dos treze utilitários-esportivos compactos em todo o país, a Mobiauto concluiu que a discrepância média de cotações entre os preços reais e a tabela Fipe é praticamente nula: 0,16%. “Mas aí entram as particularidades regionais, como no caso da Região Sudeste, onde essa média é de cerca de -0,46%, mas alguns casos podem passar de -7%”, ressalta Castro Jr. Veja os 5 modelos com maior variação negativa em relação à Fipe.
A partir dessas diferenças, a recomendação é que o consumidor tenha atenção e utilize mais de uma fonte de pesquisa na hora de definir a venda de seu SUV. “Entre no site da Mobiauto e faça uma apuração mais precisa, levando em conta a cidade em que você reside. Neste caso mencionado acima, a definição do valor de venda de acordo apenas com a tabela Fipe implicará em um tempo perdido para efetivar a venda”, alerta. Em anexo, você encontra a pesquisa completa, com todos os modelos pesquisados, bem como as cotações em outras regiões do país.
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