segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estamos maduros para uma economia verde?


(*) Por Lincoln Paiva (foto)



A política de mudanças climáticas do estado de São Paulo prevê reduzir as emissões de CO2 em até 20% nos próximos vinte anos. Mais do que discutir a eficiência das metas do município e do estado, é importante entender que a redução de 30% na emissão de gases de efeito estufa (GEE) da cidade, somada à diminuição prevista pelo estado, vai ser uma mudança significativa na qualidade de vida de quem vive em São Paulo. Independentemente das metas estabelecidas pelos governos, é preciso saber que quem emite CO2 somos nós.

Uma pessoa de classe média, bastante econômica vai consumir cerca de 200 kwh de energia elétrica por mês, emitindo cerca de 8 kg de CO2. Ir para o trabalho de carro 1.0 a gasolina, em um trajeto de 20 km por dia, emite cerca de 110 kg de CO2 por mês. Agora multiplique isso por 30 milhões de habitantes do estado de São Paulo? Sem contar com as nossas emissões indiretas de CO2. O biscoito importado que você comeu hoje de manhã, foi transportado de avião e navio, chegou ao supermercado de caminhão e você foi comprá-lo de carro. Imaginou a quantidade de CO2 emitido para ele chegar à sua mesa?

Comer um biscoito não faz de você um vilão, mas as empresas devem mudar para que ele chegue a você com menor impacto ambiental possível, mas no final das contas é você quem decide. Você está disposto a pagar mais por uma vida mais sustentável? O setor de transporte responde por cerca de 13% das emissões de carbono do mundo (4 bilhões de toneladas/ano), segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. As emissões de poluentes gerados pelo trânsito são responsáveis por milhares de mortes, além de impactos sociais, econômicos e ambientais. O carro significa mais de 90% das emissões pessoais de quem usa automóvel como principal meio de deslocamento. Você está disposto a investir em meios alternativos de transporte para reduzir as suas emissões de CO2?

O Estado precisa criar meios para que a sociedade civil e as empresas contribuam com as metas de redução de carbono. Na Inglaterra, o governo taxa os carros que mais poluem; já os menos poluentes têm subsidio. Em Londres, há programas de mobilidade sustentável como alternativa ao carro. É urgente mudarmos de atitude em relação ao nosso consumo. O governo federal brasileiro já sinalizou que vai se comprometer com a redução de no mínimo 40% de GEE. Se não forem apresentados projetos e forte engajamento das pessoas, tudo não passará de uma disputa de quem tem a maior meta ou tudo mudará desde que mantida inalteradas todas as outras coisas.
(*) Lincoln Paiva, 40 anos, ambientalista, formado em Comunicação Social, sócio da Believe Sustainability, idealizador do projeto MelhorAr de Mobilidade Sustentável e membro da Cities-for-Mobility.

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