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A indústria europeia de veículos terá que fazer um grande esforço financeiro e técnico para enfrentar o avanço de marcas chinesas que conseguem preços bastante competitivos na fabricação de veículos elétricos (VE) e baterias. É o que se pode deduzir sobre o Salão de Munique (5 a 10 de setembro), que sucedeu ao gigantismo de Frankfurt. Agora aposta em fórmula de exposição mista, usando as praças da cidade e um centro de exposição de dimensões menores.
Cerca de 40% dos estandes foram ocupados por marcas sediadas na Ásia. Os fabricantes tradicionais estão de certa forma encurralados pois não podem “virar a chave” sem enfrentar outros problemas. Luca de Meo, presidente do Grupo Renault, afirmou à agência Reuters que “temos de diminuir a diferença de custos em relação aos chineses, que começaram com veículos elétricos anos antes”. O novo VE R5, em 2025, caminha para isso, acrescentou.
As principais novidades do Salão concentraram-se em VEs. A começar pela BMW que apresentou uma visão ainda genérica do futuro Série 3, focando no avanço de 30% em alcance e recarga da bateria. Modelos a combustão e elétricos coexistirão. A Mercedes destacou a próxima geração do CLA com as DRL inspiradas na estrela de três pontas da marca. O Tesla 3 recebeu leve reestilização frontal e aumento de preço de US$ 2.500 (R$ 12.500).
Inspirada na mística versão GTI do Golf (foto de abertura da coluna), a VW apresentou o modelo-conceito ID. GTI que só chegará ao mercado daqui a quatro anos. Trata-se de um VE com referências explícitas ao estilo original, ao contrário do que tem sido a regra atual.
Entre as chinesas, destaque para a nova marca AVTR nascida de colaboração entre a Changan e a Huawei (gigante das redes de telecomunicação). O modelo batizado com número 12 tem 5 metros de comprimento e versões com um e dois motores elétricos.
Dos carros convencionais duas peruas (camionetas) chamam atenção por seu estilo arrebatador: Passat Variant e Classe E All Terrain.
Sexta geração do Cayenne também é híbrida
Desde seu lançamento, em 2002, o Cayenne representou a primeira diversificação de uma marca premium para os SUVs. O movimento não foi bem compreendido, inicialmente, mas as vendas provaram o contrário: 60% a mais que o previsto. O acerto deu início à era de SUVs de alto desempenho, influenciando outras marcas de carros puramente esporte. Também evoluiu para adicionar a carroceria SUV cupê.
Agora estreia no Brasil a sexta geração com algo a mais do que simples reestilização e pré-venda de versões híbridas que chegarão no primeiro semestre de 2024. A Porsche investiu também em aperfeiçoar os faróis de LED HD-Matrix de mais de 32.000 pixels por farol e seis possibilidades de fachos. Há nada menos de oito desenhos de rodas com até 22 pol. de diâmetro e pneus de maior diâmetro externo. Chamam atenção os para-lamas dianteiros mais elevados e ligeiramente arqueados.
Logo ao sentar no SUV destacam-se novo volante, quadro de instrumentos totalmente digital (como sempre conta-giros no centro), saídas de ar condicionado sem aletas, alavanca seletora do câmbio no lado direito do painel de fácil acesso e três telas: 12,6 pol. (instrumentos), 12,3 pol. (multimídia) e 10,6 pol. (para o passageiro). Tem pareamento Android Auto e Apple CarPlay sem fio e recarga de celular por indução (até 15 W) com refrigeração.
O que mais impressiona é a versão Turbo GT: V-8 biturbo, 4-litros, 659 cv e 86,7 kgf·m. Tanto na avaliação por estradas quanto no autódromo Velo Città (Mogi-Guaçu/SP) o desempenho empolga com aceleração de 0 a 100 km/h em 3,2 s. Há até um defletor de teto adaptativo, herança do Porsche 911. O Turbo GT, além do equilíbrio em curvas e freios tradicionalmente excelentes da marca, é o mais caro: R$ 1.385.000. Mas quem se contentar com o Cayenne S e “apenas” 474 cv/58,8 kgf·m, pagará R$ 850.000.
São duas as versões híbridas: E-Hybrid (470 cv e torque combinado de 63,7 kgf·m) por R$ 690.000 e a Turbo E-Hybrid (739 cv e torque combinado de 93,1 kgf·m), 0 a 100 km/h em 3,7 s, por R$ 1.135.00. Esta última tem desempenho menor pela diferença de massa (180 kg em razão da bateria) frente à versão Turbo GT.
Estoques aumentam. Bom para o consumidor
A indústria automobilística aumentou sua produção em agosto. As 227.000 unidades de veículos leves e pesados significaram crescimento de 24% sobre julho. Esse resultado elevou os estoques nas fábricas e concessionárias de 29 dias em julho (resultado do programa de incentivos tributários do Governo Federal, já encerrado para modelos leves) para 35 dias em agosto. Isso aponta no sentido de continuidade de promoções agora em setembro.
A valorização do real frente ao dólar também ajudou a reduzir preços de modelos importados e os aqui produzidos tendem a acompanhar. Uma recuperação maior depende de redução das taxas de juros que já se iniciou, mas não se sabe ainda em que ritmo. Em agosto a média diária de vendas foi de 9.000 unidades. E a expectativa da Anfavea para 2023 continua a mesma do início do ano: aumento na comercialização de 3% sobre 2022 para 2,168 milhões de unidades.
Em agosto, foram vendidas 1.167 unidades de modelos elétricos entre automóveis e comerciais leves: 0,6% do total. Em agosto de 2022 o percentual era de 0,5%, mas a partir deste mês deve subir com a escalada das marcas chinesas.
Grupo Gandini importou 450.000 veículos Kia em 30 anos
Operação começou modesta, em 1993, depois de José Carlos Gandini fundar a Kia Motors do Brasil no ano anterior e começar a implantar a rede de concessionárias. Inicialmente foram apenas 1.000 unidades do Besta para passageiros, Besta Furgão, picape Ceres e caminhão leve K3500.
Em 2009, passou a ser distribuidor da Kia também no Uruguai e ganhou a licença para fabricação no país vizinho do caminhão leve Bongo K2500. Ao completar este ano 450.000 unidades importadas da Coreia do Sul e do Uruguai, os modelos de passageiros mais vendidos foram: SUV compacto Sportage (106.000 unidades), sedã médio-compacto Cerato (71.000) e subcompacto Picanto (42.000).
José Luiz Gandini, filho do fundador e atual presidente do grupo, afirma que resiliência é o fator mais marcante para a trajetória da empresa em razão dos altos e baixos da economia brasileira.
Elétrico BYD Seal: espaçoso e preço atraente
Além do impacto
positivo do modelo de entrada, Dolphin, a BYD deu outro choque no
mercado com o sedã Seal por R$ 296.800. Linhas do sedã-cupê são
atraentes (melhor ao vivo do que em fotos), destacando-se os conjuntos
ópticos dianteiro (com filetes de LED) e traseiro. Há amplo espaço
interno graças à distância entre eixos de 2.920 mm, principalmente para
os passageiros do banco traseiro que se beneficiam ainda do assoalho
plano. Para bagagem, porta-malas traseiro de 402 litros e dianteiro de
53.
O interior traz ótima atmosfera pelo teto solar panorâmico e
materiais de boa qualidade. Quadro de instrumentos poderia ter resolução
maior e contraste de cores. Tela do multimídia rotacional apresenta
dimensões generosas (15,6 pol.). Ao volante, o banco é confortável com
aquecimento e ventilação.
Desempenho é o ponto alto do Seal. Dois
motores, um dianteiro e outro traseiro, totalizam 531 cv e 60,2 kgf·m.
As respostas ao acelerar empolgam e a tração 4x4 sob demanda garante
comportamento em curvas muito bom. Até dá para “esquecer” que sua massa
total em ordem de marcha é de nada menos que 2.185 kg. O percurso de
avaliação não tinha trechos muito sinuosos, porém provocado em curvas
foi muito bem.
Desagradável é o sistema de manutenção em faixa
muito intrusivo e que não pode ser desligado. Em piso irregular as
suspensões mostram respostas adequadas. Porém, a distância mínima do
solo de somente 120 mm faz o carro raspar com facilidade em lombadas e
valetas.
(Colaborou Luís Fernando Carqueijo).
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