quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Importados premium mais velhos perderam pouco preço no último ano. Vale a pena comprar um “RR”?

 

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Gíria bastante utilizada pelos lojistas de carros usados no país, o termo “RR” traduz (de forma jocosa, é verdade) uma categoria de automóveis bem específica: importados premium com mais de dez anos de uso, em média. São os “Restos de Rico”. Esses modelos custavam algumas centenas de milhares de reais quando eram novos... e hoje perambulam pelas lojas e anúncios para serem revendidos. Geralmente estão no terceiro ou quarto dono e passaram dos 80-90 mil km rodados. Como será que eles se comportam nesse período de pós-pandemia? Teriam perdido muito valor no último ano, visto que o target de compradores é bem específico? Vamos aos números.

Autotech do setor automotivo que mais cresceu em no 1º semestre de 2023 (aumento de 89% no faturamento) e um dos três maiores marketplaces de carros usados do país, a Mobiauto acaba de realizar uma pesquisa em sua base de dados que apurou as cotações dos principais modelos desse segmento, com um recorte bem específico: veículos hoje cotados entre R$ 50 mil a R$ 100 mil.

No total, a área de Estatísticas da Mobiauto apurou cotações de 104 carros usados – anos-modelos de 2003 a 2017, mas, que na média, possuem 11 anos de uso. Nove marcas tiveram alguns de seus principais modelos verificados nessa pesquisa: Audi, BMW, Jeep, Land Rover, Mercedes-Benz, Mini, Porsche, Volkswagen e Volvo.

Economista e consultor automotivo, Sant Clair de Castro Jr., CEO da Mobiauto, coordenou a pesquisa e explica os critérios adotados. “Buscamos os modelos mais anunciados em setembro de 2022 e os comparamos ao mesmo mês deste ano. Nem todos os carros e seus anos/modelos apareceram no levantamento. Só os que ofereceram um volume de anúncios que fornecesse uma base estatística confiável”, conta.

No cômputo geral, os RR´s comportaram-se muito bem. Na média, eles registraram somente 4,06% de depreciação no último ano, o que é um resultado bem aceitável. Castro Jr. explica. “Imagine que você adquire um SUV de R$ 80 mil, como um BMW X3. E ele perde cerca de R$ 4 mil em um ano. É um valor bem aceitável”.

Mas quem se deu melhor na pesquisa? Teriam sido os SUV´s? Ou modelos de marcas mais acessíveis, como Volkswagen? Veja o Top Ten, que, nesse levantamento, tiveram o mérito de indicar até valorização de um ano pra cá.

“É inquestionável que a Volkswagen apareceu com destaque. Ela colocou 5 modelos entre os 10 que mais valorizaram, com méritos, também, para modelos da Mini e os SUV´s da BMW”, comenta Sant Clair de Castro Jr. Ele entende que, nesse segmento, o maior volume de vendas como zero km, como foi o caso dos VW Passat e Golf Variant, além de Land Rover Freelander, ajudaram a torná-los mais atrativos. Mas, ainda assim, a construção eclética do ranking não permite maiores conclusões.

Maior prova disso aparece nos dez piores da pesquisa, uma vez que os mesmos modelos, mas de anos diferentes, repetem-se nesse levantamento. “Por mais que tenhamos tido o cuidado de pesquisar só veículos que fornecessem uma cotação média confiável em função do número de ofertas, esse resultado pode apontar alguma sazonalidade que desapareça daqui a 2 meses. Nem dá pra chamar os melhores de campeões como não é certo condenar os piores como negócios ruins”, destaca Castro Jr. Veja:


 Mas, afinal, os RR´s são bons negócios ou não?

“Se eu tiver que responder pragmaticamente, direi: são negócios que demandam muita pesquisa e atenções adicionais. Mas podem se tornar ótimas compras”, filosofa o consultor da Mobiauto. Todo mundo sabe que o maior problema que acomete esses modelos é o custo de manutenção. Multiplicam-se artigos e vídeos na internet que alertam sobre os custos dos reparos desses modelos. “Um carro com 100 mil km rodados já exige uma revisão preventiva que, no caso de modelos high end como esses, pode passar de R$ 5 mil”, alerta, mencionando uma revisão em que sejam trocados óleo, velas, filtros, pastilhas e discos de freio. “E isso se não houver um componente mais caro para ser substituído”, alerta o consultor.

Sant Clair explica sua tese. “Por isso mencionei que demandam atenção extra. Você gasta R$ 80 mil no carro e, na sequência, mais R$ 7 mil ou R$ 8 mil de manutenção. Esse valor não será recuperado numa futura venda. Mas não se pode desprezar o fato de que o produto em si é superior a qualquer veículo nacional da mesma faixa de preços”, argumenta. E lembra que, mais do que em qualquer outro segmento, a compra de um RR precisa ser acompanhada por um mecânico de confiança a fim de evitar sustos maiores na hora de fazer a manutenção.

Não à toa, os RR’s acabam sendo adquiridos, em sua maioria, pelos gearheads, que se arriscam na hora da compra em troca de ter um produto que os carros comuns não são capazes de igualarem em tecnologia, conforto, segurança e desempenho. “Temos um colaborador aqui na Mobiauto que adquiriu uma VW Passat Variant 2.0T, com 92 mil km, há um ano. Desde então, ele já gastou R$ 11 mil de peças e oficina. Mas jura que o saldo ainda vale a pena. Diz que nenhum outro modelo lhe entrega o refinamento tecnológico de sua perua, com 200 cv de potência, por pouco mais de R$ 50 mil, mesmo que seja um valor que ele não vá recuperar quando for revendê-la”, lembra.

Fonte: eduardopincigher@hotmail.com
    


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