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Nos anos 70, as famílias brasileiras tinham 5 ou 6 filhos, em média. Hoje esse índice não chega a 2 crianças por casal. Embora a necessidade por carros espaçosos fosse infinitamente maior algumas décadas atrás, o mercado nacional oferecia só duas opções: a VW Kombi e a Chevrolet Veraneio. Havia os grandes sedãs, como Ford Galaxie e Dodge Dart, com bancos dianteiros inteiriços, que acomodavam até seis pessoas. Mas para sete, mesmo, só os dois já mencionados – eles levavam até nove pessoas, na verdade.
Muito tempo depois, esse segmento proliferou-se no Brasil, a despeito de as famílias terem encolhido. Hoje, o mercado brasileiro oferece sete opções seminovas, com diferentes motorizações e as mais variadas faixas de preços. De um Chevrolet Spin, que custa ao redor de R$ 100 mil, até um Toyota SW4, que sai por quatro vezes esse valor, há opções para todos os bolsos. Além dessas duas opções, o mercado ainda oferece Chevrolet Trailblazer, Mitsubishi Outlander, Mitsubishi Pajero Sport, CAOA Chery Tiggo 8 e Jeep Commander.
Exceção feita ao Spin, os demais modelos são premium, o que limita ainda mais as vendas desses modelos em grandes volumes. De acordo com Sant Clair de Castro Jr, CEO da Mobiauto e consultor automotivo, há dois tipos de clientes que optam pelo modelo de 7 lugares: o que realmente precisa de mais assentos, por ter 4 ou 5 filhos, ou aquele que faz viagens longas com a família e precisa usar um porta-malas bem amplo, recolhendo os dois assentos extras e usando o compartimento inteiramente para bagagens.
“Não é uma fatia muito grande de consumidores, tanto pela especificidade de uso como, principalmente, pela faixa de preços que eles atuam. Para se ter uma ideia, a nossa pesquisa encontrou um ticket médio para esses seminovos de R$ 181 mil, que está bem acima, inclusive, da média de preços de vendas de carros zero km no Brasil. Por isso há poucas opções à venda”, esclarece.
Uma das consequências mais previsíveis para um segmento tão estreito como esse deveria ser a depreciação acentuada. Mas não foi o que se viu! A pesquisa levou em conta as cotações desses veículos em novembro de 2022 e repetiu a apuração em novembro de 2023. Na média, eles perderam 7,68%, o que os colocam exatamente na média de outros segmentos de mercado.
“Eu diria que esse é um segmento que funciona muito redondo no mercado de seminovos. Apesar de haver poucos modelos de veículos ofertados e o número de classificados à venda também não representar um grande volume, a demanda é rigorosamente compatível com a oferta. Ou seja, os preços não caem porque há um equilíbrio notável entre oferta e procura”, explica Castro Jr.
E em uma pesquisa onde há seis modelos premium e basicamente um único de maior volume de vendas... adivinhe quem se sobressaiu no ranking dos menos desvalorizados? Dos dez modelos e versões mais bem ranqueados da pesquisa, o Chevrolet Spin abocanhou oito posições. Sem a concorrência direta de alguns modelos de origem oriental nos anos anteriores, como Nissan Grand Livina e JAC J6, que sumiram das prateleiras nos últimos anos e só possuem exemplares com cerca de dez anos de uso, os modelos seminovos do Spin reinam em voo solo no mercado brasileiro.
Veja como ficou o Top Ten:
“Outra leitura que devemos fazer nesse segmento, ao compararmos os outros sete modelos 7 lugares, é que o Toyota SW4 lidera com folgas a preferência do consumidor. Apesar de o Caoa Chery Tiggo 8 ocupar aquela faixa dos R$ 170 mil e todos os demais custarem de R$ 200 mil para cima, o modelo da Toyota consegue a proeza de ter uma versão campeã absoluta da pesquisa. E isso em um carro com quatro anos de uso e que custa mais de R$ 200 mil. Não é pequeno o mérito desse Toyota”, aponta Sant Clair.
Sentiu falta do Jeep Commander entre os seminovos de 7 lugares mais valorizados? Simplesmente o modelo premium de 7 lugares mais vendido do mercado de novos conseguiu aparecer com três versões entre os modelos de maior depreciação. Na média, o Commander perde 16,4% dos preços de um ano para cá.
“A grande oferta de modelos da Jeep no mercado de 0 km, com descontos generosos e até estímulo para compra como Pessoa Jurídica, tem feito toda a família Renegade, Compass e Commander sofrer depreciações mais fortes no mercado de seminovos. Pode ser frustrante para quem vende. Mas pode ser uma oportunidade de ouro para quem está comprando”, analisa o CEO da Mobiauto.
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