Por Marcus Lauria (texto e fotos)
O CarPoint News testou durante uma semana e exatos 200 quilômetros, o sedan compacto premuim Honda City em sua versão mais completa, a EXL com câmbio automático. O City foi lançado em nosso mercado em agosto do ano passado e já está entre os mais vendidos, no equivalente do mês de dezembro entre seus principais concorrentes, com 2.582 unidades, contra 1.745 unidades do Polo Sedan e 1.598 do Peugeot 207 Passion. E ainda vem ameaçando em números de vendas modelos acima de sua categoria como o Chevrolet Vectra (2.086), Fiat Linea (1.589), Ford Focus Sedan (755), Chevrolet Astra Sedan (550), Renault Mégane (555), Nissan Sentra e Peugeot 307 Sedan (315 cada) e o Kia Cerato (732). No acumulado do ano foram comercializadas 14.630 unidades. O mais novo sedan da marca japonesa é fabricado na planta de Sumaré (SP) e sai da fábrica com um preço bem acima do esperado, podendo até ser comparado a sedans de categorias maiores, como os citados logo acima no texto. Os valores começam em R$ 58.690 para versão de entrada LX M/T (com câmbio manual) e chega a R$ 73.860 na versão EXL A/T (com câmbio automático), com esse valor o City passa a ser concorrente do seu “primo” mais velho, o Civic. Diante desse dilema do preço, o consumidor tem que ficar atendo aos produtos oferecidos no mercado de sedans, como o City ainda é uma novidade, esse fator influencia muito na compra e a emoção pensa mais rápido que a razão e o consumidor compra por impulso.
Agora vamos ao que realmente interessa, a convivência com o carro. Durante toda a semana pude avaliar o Honda City EXL automático em varias situações diferentes. Ao buscar o carro em uma concessionária da Honda, gentilmente cedido pela montadora pude perceber que o japonesinho chama muita a atenção por onde passa, a cor do modelo testado era um cinza Grafitti escuro, não muito comum entre os sedans, que costumam ser preto ou prata, isso também ajudou a despertar olhares pelo caminho. Suas linhas são um pouco diferentes dos outros modelos da Honda, mostrando ser um projeto mais recente e desenvolvido para os mercados emergentes. Criado pelo designer argentino Jorge Luis Fernández, o sedan é feito sobre a base do novo Honda Fit e mede 2,55 m de entreeixos, 5 cm a mais que o Fit e 15 cm a menos que o Civic. Por fora, o City se destaca principalmente na parte dianteira, aonde exibe uma grade com três filetes na cor da carroceria em conjunto com o logo da Honda ao centro, os faróis afilados e os vincos no capô dão um ar de “Bad Boy” ao sedan, que na tem nada de agressivo. Visto de lado, chama a tenção a cintura alta, muito comum nos sedans de luxo e as rodas polidas de 16 polegadas com raios cruzados. Já na parte traseira, as lanternas tem um formato que lembram os sedans da série 3 da BMW (E90), que destoa um pouco da agressividade da dianteira, ainda na parte de trás os vincos se destacam na tampa do porta-malas que faz conjunto com o pára-choque de cortes retos. Pequenas perfumarias como setas no retrovisor, faróis de neblina e capas cromadas ns quatro maçanetas deixam um certo ar de majestade no pequeno sedan japonês.
O interior do City é bem aconchegante, a posição de dirigir é fácil de achar, mesmo com os ajustes mecânicos do banco do motorista, no qual tive dificuldade para ajustar o mecanismo de posição da coluna, pois o acesso é dificultado devido a área estreita entre o banco e a porta, dificultando o movimento. O volante tem ajuste de altura e é revestido em couro, assim como os bancos, que tem formato bem parecido com o do Civic. Apesar da primeira impressão ao entrar no City ser de um carro de um nível mais elevado, no que se refere a luxo, ao verificar os materiais usados essa sensação desaparece. Os plásticos do painel, console central e portas são rígidos ao toque dos dedos e algumas rebarbas são vistas nos cantos das portas principalmente. O banco apesar de um pouco duro, não transmite cansaço no trânsito pesado e nem em serras, por exemplo. Eu que tenho 1,77 metros não me senti desconfortável dentro do City. O porta-malas carrega 506 litros, segundo o fabricante, bem mais que o Civic, que tem capacidade de 340 litros, para nível de comparação.
O Honda City vem equipado de série na versão de entrada LX, com ar-condicionado, direção com assistência elétrica progressiva, trio elétrico, rádio/CD/MP3 e conexões USB e auxiliar, rodas aro 15 de liga leve, computador de bordo e airbag duplo, por R$ 58.690. A versão intermediária EX, trás como destaque, além dos equipamentos da versão de básica, freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, ganha volante multifuncional com acabamento de couro, piloto automático, controle digital para o ar, repetidores de seta nos retrovisores, rodas aro 16 e exibe acabamento cromado nas maçanetas e escape, tudo por R$ 64.200, com mais R$ 3.790, pode agregar um câmbio automático de cinco velocidades. A topo de linha EXL (versão testada) vem com bancos em couro, alto-falantes com tweeters e faróis de neblina, custa R$ 67.925, com câmbio manual, se tiver preferência pelo modelo automático, o preço sobe para R$ 73.860, que incluem o sistema de trocas por borboletas atrás do volante (Paddle Shift).
O motor usado em todas as versões do City é o mesmo do New Fit mais caro, ou seja, um 1.5 flex, 16 válvulas com comando variável i-VTEC, que desenvolve 115 cavalos com gasolina e 116 cv com álcool. Aliás, motor, suspensões, câmbio e direção elétrica são compartilhadas com o irmão mais velho, que compartilha cerca de 60% das peças do Fit. O propulsor transfere toda sua potência aos 6 mil rpm e torque de 14,8 kgfm aos 4.800 giros.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Nada melhor do que estar em um automóvel em que podemos nos sentir bem ao dirigir, caso em que o Honda City se enquadra em vários aspectos. Vamos as partes boas, a posição de dirigir é fácil de achar, devido aos diversos ajustes de banco e volante, após se ajeitar no carro, com retrovisores na posição correta e distância entre o volante e banco do motorista fica fácil controlar o City. A conversa entre o volante e a roda é quase perfeita, não se perde em nenhum momento o controle da direção, o único problema fica por conta das rodas de 16 polegadas, calçadas com pneus 185/55 R16, que são muito sensíveis a qualquer irregularidade no asfalto, que são transmitidos imediatamente para quem está dentro do carro. Os bancos, apesar de serem um pouco duros, não atrapalham em nada o conforto, ao contrário, dão mais firmeza e segurança em situações complicadas, com uma ultrapassagem mais arriscada. Por dentro não falta conforto, ar-condicionado digital de fácil utilização e que gela bem, painel de fácil leitura com luzes na cor laranja e comandos dos vidros, retrovisores e travas de fácil acionamento. O único pecado encontrado na parte interna fica pelo fato dos materiais utilizados serem de baixa qualidade pelo valor cobrado pelo City. O motor é outro problema no carro, em baixas velocidades o câmbio automático de cinco velocidades se mostra cansado logo no início as acelerações, com a alavanca na posição “D”, as marchas são trocadas aos 4.800 rpm e nessa faixa de rotação o barulho do motor invade a cabine, desafiando até o som com MP3 do carro, que tem ótima acústica. Com a alavanca na posição “S”, as trocas começam acima dos 6 mil rpm, quando o barulho é ainda maior e o consumo é exagerado. Aliás, o City da avaliação estava com o tanque cheio de etanol, que foi consumido em menos de 180 quilômetros percorridos durante o teste, com o computador de bordo acusando 5,3 km/l, me senti em um carro V8. Mas rodando normalmente, sem precisar de muitas reduções a condução se torna prazerosa e passa a ser até interessante acelerar mais. Nas curvas o carro se comporta bem, devido aos pneus de ótima qualidade, o City tem uma leve tendência a sair de frente, mas nada incontrolável. O porta-malas é grande e torna-se um aliado na hora de fazer compras, pois os 506 litros são suficientes até mesmo para carregar as malas de quatro ocupantes em uma viagem mais longa. Nas manobras, o tamanho ajuda, os 4,4 metros de comprimento não são um empecilho para estacionar em vagas pequenas, ou mesmo se enfiar em garagens apertas, como é caso da minha, mas senti falta de um sensor de estacionamento, que deveria ser item de série na versão EXL, que ajudaria bastante nas manobras e evitaria as possíveis avarias na pintura do pára-choque traseiro.
Ficha técnica:
Motor: diant. / transv. / 4 cil. / 16V / 1 497 cm3
Motor: diant. / transv. / 4 cil. / 16V / 1 497 cm3
Diâmetro x curso: 73 x 89,4 mm
Taxa de compressão: 10,4:1
Potência: (A/G) 115/116 cv a 6 000 rpm
Torque: (A/G) 14,8/14,8 mkgf a 4 800 rpm
Câmbio: automático / 5 / dianteira
Suspensão dianteira: independente, McPherson
Suspensão traseira: eixo de torção
Freios: disco (diant.) / disco (tras.)
Direção: elétrica / 2,8 voltas
Pneus: 185/55 R16
Consumo urbano: 5,3
Consumo rodoviário: 10,4
0 a 100 km/h: 12,90 a 1000 m: 34
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 5,4
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 7,3
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 9,7
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 58/25/13,9
Ruído interno 1ª rpm máx: 37,2 / 68,3
Ruído interno 80 / 120 km/h: 60,1 / 65,6
Fiz uma avaliação logo após o lançamento do City no Brasil. Não foi uma avaliação tão extensa quanto a sua, mas tive a vantagem de ter meu test-drive estendido sem sequer ter solicitado. Isso possibilitou uma análise um pouco mais detalhada do comportamento do carro na cidade. E, sinceramente, não gostei. Se possível, dê uma olhada no texto publicado em meu blog - http://racionauto.blogspot.com/2009/09/honda-city-lx-no-release-sobre-o-kia.html .
ResponderExcluirA propósito, tomei a liberdade de incluir link para o seu blog no meu. Espero que não se importe. Um abraço.
ResponderExcluirMais uma vez o que estraga um belo carro no Brasil é seu preço.
ResponderExcluirParabéns pela matéria!
Abs!
Ótima materia!!! Parabéns, Bimmer!! E acho que o grande pecado do City realmente é o acabamento de baixa qualidade.. pelo preço, devia ter um pouco mais de "luxo".
ResponderExcluirAbraços
Excelente matéria!
ResponderExcluirAinda não andei no City, sou proprietário de um Civic ´antigo´ e pretendo que, ao longo deste ano ele divida a garagem com um Fit.
Pena para o City é realmente o preço, fora da realidade, principalmente na versão top, com todos os opcionais. Mas está vendendo bem e provavelmente a fábrica só mudará a política de preços quando a concorrência realmente apertar.
A Honda deixou desnorteados os seus fiéis consumidores, ao embaralhar o preço de um FIt ( o City nada mais é do que um FIT sedan ...) com os do New Civic ( meu carro). Só doido pagaria 73 mil por um FIt ( isto é City) " completo". Está aí para quem quizer o Hiunday i30 dando banho de tecnologia, acabamento, silencio etc.
ResponderExcluirAlvaro
Muito boa matéria sobre o carro, realmente imparcial. Sou proprietário de um city EX aut.2010, e para pretendentes a aquisição, que nosso mercado é agressivo e competitivo valendo a lei de oferta e procura de um produto.Comprei o meu com banco de couro e sensor de estacionamento,o que faltava para completar o carro, por um preço menor que muitos anunciados. Não tenho pontos negativos para compartilhar fazendo apenas ressalvas de alguns testes. Faço até 13,7 km/L gas. e 11.7 km/L etanol.O motor fica barulhento realmente em alta, mas a proposta do carro é unir economia/conforto e não para, digamos esmerilhar o carro, para andar.Anda bem até 120km sem esforço e sem barulho.O motor/câmbio/freios são realmente inteligentes.Tambem me perguntava, porque duas portinhas para tanque de combustivel? Uma, a de trás, é a do tanque, e a da frente do reservatório a frio que é muito pratico, e vc não perde tempo no abre/fecha capô. Espero ter ajudado alguns indecisos na compra e resaltando valer cada centavo pago por ele.
ResponderExcluirTenho um city 2014 automático, motor barulhento excessivamente qdo se reduz em uma subida ,voce sente qualquer imperfeição do asfalto, consumo é 7,5 etanol e 8,5 gasol. (cidade). Carro bonito, mas não gostei e vou trocar por um civic.
ExcluirSó tenho a agradecer os relatos dos companheiros, me ajudaram a decidi sobre a compra.
ResponderExcluir