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Texto: Antônio Meira Jr e Gustavo
Acioli
Fotos: Eugeniusz Kowalski
A bordo de duas inovadoras picapes
Duster Oroch, que criou um segmento no Brasil, três aventureiros saíram da
fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR) em uma aventura de 30 dias que
vai passar por sete países e percorrer mais de 11 mil quilômetros rumo à
Colômbia.
A expedição é capitaneada pelos
jornalistas Antonio Meira Jr. e Gustavo Acioli, além do fotógrado Eugeniusz
Kowalski. Durante o trajeto, se juntarão à expedição outros jornalistas de
diferentes países da América do Sul. A equipe de jornalistas vai registrar
todos os detalhes da aventura pelos sete países com fotos, vídeos e textos e
publicar nos canais sociais da Renault durante a viagem.
3º Dia
Compras, fazendas e buraqueira sem fim
Estamos na fronteira em Santana do
Livramento, bem na pontinha do mapa do Brasil, que se confunde com Rivera, do
lado Uruguaio. As cidades parecem uma só. Carros, motos e pedestres circulam
livremente, indo de um país para o outro, como quem sai de casa e vai na
padaria. E é assim mesmo: aqui, Brasil e Uruguai são separados por esquinas,
praças, ruas e uma ou outra avenida.
Do lado brasileiro, o que há é uma
típica cidade do interior, com bancos, pequenos comércios e órgãos públicos. No
Uruguai, quem domina a paisagem são as casas de câmbio, lojinhas de produtos
chineses, alguns ambulantes e muitos freeshops. A diferença de legislação entre
Brasil e Uruguai permite que o nosso pequeno vizinho seja um forte destino para
as compras.
A vocação para compras é levada a
sério. Fora da zona central, são erguidos grandes centros de comerciais.
Visitamos o novíssimo Melancia Shopping, com bons freeshops e infraestrutura
que não deve nada aos bons outlets espalhados pelo mundo afora.
O pequeno mundo encantados das
compras de Rivera precisa ficar para trás. Temos que pegar a estrada. Nosso
destino é Paysandú, no noroeste uruguaio, fronteira com a Argentina e distante
350 quilômetros de Rivera. Antes, porém, é necessário carimbar passaportes no centro
de imigração, informando motivos da viagem, tempo de permanência no país. Tudo
muito simples, rápido e sem muita burocracia. Aqui, vale lembrar que graças aos
acordos de boa vizinhança entre membros do Mercosul, brasileiros podem entrar
no Uruguai utilizando a carteira de identidade, sim, o RG mesmo.
Outro detalhe importante: se você
pretende passear de carro pelo Uruguai, lembre-se de tirar a carta-verde, um
seguro obrigatório exigido pelos nossos vizinhos. Em Santana do Livramento, não
faltam anúncios de lojinhas e despachantes oferecendo o serviço.
Bom, vamos para a estrada. Nossas
Duster Oroch seguem tranquilas cortando o pampa uruguaio. O cenário é um só:
grandes campos verdes, fazendas e muito gado. Só para se ter ideia o rebanho
bovino do Uruguai é de 12 milhões de cabeças. Lembrando que o país é pequeno e
tem apenas 3,5 milhões de habitantes. Por isso, tanto aqui como do lado
brasileiro a figura humana mais comum é o gaúcho: o vaqueiro dos pampas, sempre
com seu cavalo, bombacha, lenço, chapéu...
Rodamos confortavelmente uns 130
quilômetros. Tudo levava a crer que teríamos um bom passeio pela frente. Pois
é, parecia. Contudo, a partir de Tacuarembó, quando deixamos a Ruta 5, e
pegamos a Ruta 26, sentido Paysandú, nossas Oroch tiveram que encarar um senhor
tranco: 225 quilômetros de pura buraqueira. A estrada está em péssimas
condições, completamente dominada pelas crateras. A picape foi bem, boa altura
livre do solo, suspensão traseira independente e novos pneus Michelin foram o
destaque.
Pouco a pouco fomos vencendo o
desafio. Os carros se comportaram muito bem, valendo o destaque para a boa
suspensão da Oroch, a precisão do volante e a dirigibilidade do veículo.
Ninguém merece uma buraqueira sem fim, mas nossas Oroch encaram bem a parada.
Estamos quase na Argentina. Chegamos, Paysandú!
4º Dia
Bienvenidos a Argentina!
Mal chegamos ao Uruguai e já
estamos partindo. Parece muito, mas 350 quilômetros deste pequenino país servem
apenas para nos lembrar que o Uruguai é verdadeiramente interessante. Apesar da
buraqueira na estrada, o que vimos em Paysandú foi uma cidade cheia de vida,
com bons comércios, cafés, restaurantes e muita gente nas ruas, reforçando a
boa imagem que temos da terra do ex-presidente tranquilão Pepe Mujica.
Deixando Paysandú para trás, a
missão do dia é chegar até a cidade de Rosário, que está a uns 350 quilômetros
do nosso ponto de partida. Aqui na fronteira, uruguaios e argentinos são
separados pelo grande Rio Uruguai. Os países estão conectados pela Ponte
Internacional Paysandú Colon General Artigas, uma majestosa estrutura de
concreto de 2350 metros, com um incrível vão livre de 330 metros.
No próprio acesso à ponte funciona
os postos de imigração tanto da Argentina quanto do Uruguai. A burocracia aqui
é mais lenta do que na fronteira em Rivera, mas não chega a dez minutos. Os
oficiais perguntam questões sobre destino, objetivo da viagem, checam a
documentação… Tudo ok. Para acessar a ponte, logo após as cabines de imigração,
existem guichês de pedágio. Pagamos duzentos e quarenta pesos uruguaios por
carro. Algo como vinte e cinco reais, em conversão arredondada.
Ponte cruzada. Argentina, chegamos!
A Oroch Expedition atinge seu terceiro país, de um total de sete. A jornada
pela terra dos hermanos vai atravessar umas das regiões mais bonitas do país.
Cruzaremos o departamento (o mesmo que estado no Brasil) de Entre Rios. A
viagem por aqui é literalmente só alegria: ótimas estradas, gente simpática e
paisagens deslumbrantes.
Entre Rios fica cercada por água:
de um lado, o Rio Uruguai, do outro o Paraná. Ambos gigantes, esses rios estão
entre os maiores no continente que tem alguns dos maiores rios do mundo. Quando
se encontram, próximo a Buenos Aires, formam o Rio da Prata, que possui a maior
embocadura de água doce do mundo. É muita água, amigos.
Para completar o cenário, cruzamos
belas estâncias, haras, fazendas e curiosas lojinhas na beira da estrada.
Escolhemos parar na Posta del Palacio, próxima a minúscula cidade de Caseros.
Gostamos tanto do lugar que resolvemos tirar algumas fotos das Oroch na porta.
Intrigado, o simpático Federico Magri, dono da loja, veio nos perguntar o que
fazíamos com aqueles carros que nem haviam sido lançados ainda (a Duster Oroch
foi lançada na Argentina apenas na semana passada). Foi o suficiente para muita
conversa boa.
Federico nos convidou para entrar
na “tienda”. Lá, conhecemos Maria Griselda, sua mulher e sócia. Ela nos
apresentou diversos produtos, como queijos, molhos, pimentas, temperos,
artesanato.
Tocando em frente, fomos
descobrindo que a viagem poderia ficar ainda mais agradável: a partir de
Victoria, cerca de 75 quilômetros de Rosário, pegamos a Ruta Nacional 174,
estrada que corta um sem número de lagos. Aqui, a água doce se confunde com
mar. Não se vê margens: essa imensidão nos acompanha por mais de 60
quilômetros. A estrada é belíssima, repleta de animais selvagens.
5º Dia
Da cidade de Lionel Messi até os pés da Montanha
Às margens do rio Paraná, Rosário
impressiona por seu tamanho. Com cerca de um milhão e duzentos habitantes, tem
um centro comercial grande e muita agitação. Chamada pelos hermanos de Chicago
da Argentina, Rosário possui vocação para os negócios. Fica praticamente no
meio do caminho entre as regiões mais ricas do país, a capital Buenos Aires e
Córdoba. Foi fundada justamente por conta de sua localização, isso por volta de
1650.
Entre seus filhos famosos, o
destaque é o jogador de futebol Lionel Messi. Sua antiga casa, uma construção
simples na periferia, faz parte dos roteiros turísticos e não raro recebe
migrações de romeiros da bola. A cidade também é sede de dois dos mais antigos
clubes de futebol argentinos: o Rosário Central e New Old Boys, ambos da primeira
divisão.
Observando muitos estudantes e
jovens nas ruas, deixamos a cidade rumo a Córdoba a mais ou menos 400
quilômetros de distância. Há duas formas de ir para nosso destino: pela
excelente autopista Córdoba-Rosário e pela antiga Ruta 9 (sem pedágio). Optamos
por fazer o trajeto rodando por ambas estradas (elas são paralelas), começando
pela rodovia e depois pegando trechos da pista antiga.
No nível das boas rodovias do
mundo, esse trecho argentino é mais um passeio para as Oroch. A rodovia oferece
excelente aderência aos pneus e seu traçado foi planejado para que o condutor
ande no limite da pista: 130 quilômetros por hora. Inclusive é proibido rodar a
menos de 60 - no Brasil, os limites mais altos são 120 quilômetros por hora.
Ganha-se em tranquilidade, conforto
e segurança, mas perde-se em monotonia. Por aqui a paisagem segue praticamente
inalterada desde o Uruguai: terrenos completamente planos, fazendas de gado,
muita plantação de grãos. As placas dizem que este ponto é o coração do agronegócio
argentino. São tantos os silos e gigantescos galpões para armazenar grãos, que
fica difícil não acreditar que praticamente todo o trigo dos pãezinhos
brasileiros vem daqui.
Literalmente para variar o cenário,
optamos em pegar um pedaço da pista antiga. Também em condições muito boas, a
antiga Ruta 9 chegar lembrar trechos da Route 66, nos Estados Unidos. A
lendária pista americana vai de Chicago a Los Angeles, percorrendo diversos
estados. Na parte mais agrícola, nos estados de Ilinois e Missouri, o cenário é
praticamente o mesmo: fábricas, empresas, casas, fazendas completamente
abandonadas e sendo consumidas lentamente pelo tempo.
A razão disso é que, tanto nos
Estados Unido quanto aqui na Argentina, a construção das novas pistas acaba
tirando o fluxo de veículos das antigas rodovias, matando comércios que
dependiam justamente do grande movimento. Não deixa de ser curioso.
E assim, passeando pela Argentina
profunda, rural e que não aceita dólares (¡Sólo pesos argentinos, cavalleros!),
vamos vendo - finalmente! - a geografia mudar. Ao longe, quase como uma
miragem, começamos a ver montanhas no horizonte.
Quanto mais perto de Córdoba, mais
montanhas e maiores. Depois de 2,2 mil quilômetros chegamos na belíssima cidade
de Córdoba. Aguardem, agora finalmente começamos a subir. Que venham as nuvens.
6º e 7° Dias
Córdoba, fábrica de Santa Isabel e Duster Oroch no off-road
Estamos em Córdoba, capital da
província homônima e segunda maior cidade da Argentina. Com quase 1,5 milhão de
habitantes, o centro dessa cidade tem ares de uma charmosa metrópole europeia.
Muito movimento de gente, carros e ônibus. Definitivamente estamos numa cidade
grande.
Córdoba é antiga. Data do século 16
e foi um importante ponto estratégico para o império espanhol e suas intenções
de exploração de prata e ouro. Por esse passado de riquezas, há por aqui um sem
número de prédios históricos, monumentos, igrejas e curiosidades interessantes.
A cidade também sedia grandes universidades.
É realmente prazeroso passear por
Córdoba, seja com nossas Oroch ou numa boa e agradável caminhada. Em termos de
charme, a pequena cidade não faz feio frente a Buenos Aires e mostra que há
muito a conhecer além da capital. Entre os argentinos, é até comum ouvir:
“Gostou de Buenos Aires? Espere até conhecer Córdoba”.
Aqui também é berço da indústria
automotiva argentina. A Renault, por exemplo, tem fábrica na cidade há sessenta
anos, o que representa uma relação muito profunda. Inclusive, é possível ver
modelos antigos em bom estado, das décadas de 60 e 70, rodando pelas ruas e
avenidas, o que ajuda a dar aquele ar de Europa que só a Argentina tem.
A Oroch Expedition aproveitou sua
passagem para visitar justamente a fábrica de Santa Isabel, a mais antiga da
Renault no continente americano. Fizemos uma verdadeira imersão no mundo da
Renault na Argentina. A unidade nasceu como IKA, Indústrias Kaiser da
Argentina, e começou produzindo modelos da Jeep até ser incorporada pela marca
francesa e fabricar diversos veículos que fazem parte da história da indústria
argentina, como o Dauphine.
Modernizada, essa unidade está se
preparando para montar dois carros que hoje são importados do Brasil, o Sandero
e o Logan. Com diversos laboratórios, essa planta foi responsável pela
validação da Oroch. Aproveitamos para conhecer as pistas de testes que ajudaram
no desenvolvimento da picape e à tarde levamos os carros para fazer uma trilha
bem especial: o Camino Copina El Condor.
Além de servir como laboratórios
para testes de resistência da própria Duster Oroch, o Camino ainda é mundialmente
conhecido por sediar trecho da etapa argentina do Mundial de Rally, o WRC.
No entorno de Córdoba, cruzando as
montanhas chamadas Altas Cumbres, o Camino Copina El Condor é uma antiga
estrada de terra, construída no início do século passado (entre 1913 e 1918),
repleto de curvas, penhascos e pedras gigantescas. Tudo isso a uma altitude que
chega a 2,5 mil metros. Para completar, ainda existem dezenas de “puentes
colgantes”, que na verdade são passagens de pedra e madeira com estrutura pênsil, construídas na mesma
época da estrada. É incrível. Foi puro off-road.
Se no trecho pavimentado, as curvas
empolgavam, na parte de terra, pudemos explorar todo o potencial das Oroch. O
conjunto do modelo é bem acertado. O motor atendeu bem e a suspensão e trabalhou
como esperado. Detalhe, nossas duas Oroch tiveram a companhia de uma irmã mais
velha, uma Oroch protótipo que ajudou no desenvolvimento da linha.
Depois de tudo isso, ainda cruzamos
o resto da montanha, desta vez numa excelente rodovia, novamente acompanhados
por belíssimas paisagens. Dirigimos até Merlo, um interessante polo de
ecoturismo da Argentina. Por causa das montanhas do entorno, Merlo atrai muitos
aventureiros e famílias em busca de trilhas, passeios em meio a natureza,
pescarias, praticantes de raffiting, e por aí vai. Anotou a dica? A cidade tem
muita estrutura, hotéis e restaurantes, tudo bem arrumadinho.
Depois do descanso, estrada
novamente. Desta vez, seguindo 400 quilômetros de tranquilamente, percorridos
em cerca de 6,5 horas até Mendoza, famosa pelos seus vinhos. O percurso é
inteiramente por boas rodovias duplicadas.
Pelo caminho, é interessante
observar a mudança da vegetação. Aos poucos as plantas vão ficando mais secas e
retorcidas, lembrando um pouco o semiárido brasileiro. Quem também vai dando as
caras é majestosa Cordilheira dos Andes. Quilômetro a quilômetro as montanhas
vão aumentando. Os 2,5 mil metros de altitude do entorno de Córdoba serviram de
palhinha, aqui essas montanhas chegam a quase sete mil metros.
Fonte: Sala de Imprensa | Renault do Brasil
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